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Mianmar/ Genocídio

Nobel da Paz, líder birmanesa desmente genocídio da minoria muçulmana rohingya

A líder birmanesa Aung San Suu Kyi, que já foi considerada um ícone da democracia em Mianmar, afirmou nesta quarta-feira (11) na Corte Internacional de Justiça (CIJ) que Gâmbia apresentou uma "fotografia incompleta e enganosa" da situação da minoria muçulmana rohingya.

Aung San Suu Kyi na Corte Internacional de Justicia (CIJ), em 10 de dezembro de 2019.
Aung San Suu Kyi na Corte Internacional de Justicia (CIJ), em 10 de dezembro de 2019. REUTERS/Yves Herman
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"Lamentavelmente, Gâmbia apresentou à Corte uma fotografia incompleta e enganosa da situação no estado de Rakhine", declarou Aung San Suu Kyi em uma audiência na qual defende os interesses de Mianmar, país acusado de genocídio por diversos países muçulmanos.

"Certamente, nestas circunstâncias, a tentativa de genocídio não pode ser a única hipótese", completou a vencedora do prêmio Nobel da Paz de 1991 diante dos juízes do tribunal com sede em Haia.

Aung San Suu Kyi está liderando a delegação birmanesa no CIJ. Ela própria lidera a defesa de seu país, principalmente budista, implicada pela Gâmbia pelos massacres e perseguições contra a minoria muçulmana rohingya.

A líder birmanesa admitiu que o exército pode ter feito um uso desproporcional da força, mas afirmou que isto não é prova de que tentava aniquilar esta minoria.

Gâmbia, em nome dos 57 Estados membros da Organização da Cooperação Islâmica, iniciou uma ação judicial contra o país do sudeste asiático, por considerar que Mianmar violou a Convenção para a Prevenção e Sanção do Delito de Genocídio, um tratado do direito internacional aprovado em 1948.

Desde agosto de 2017, quase 740.000 rohingyas buscaram refúgio em Bangladesh para escapar dos abusos do exército birmanês e das milícias budistas, chamados de "genocídio" por investigadores da ONU.

Gâmbia pediu nesta terça-feira (10) a Mianmar para "cessar o genocídio" contra a minoria muçulmana rohingya durante uma audiência na Corte Internacional da Justiça (CIJ), na qual a outrora ícone da democracia Aung San Suu Kyi estava presente para defender seu país.

"Tudo o que Gâmbia pede é que digam (a Mianmar) que acabe com estas matanças sem sentido, que cesse os atos de barbárie e este genocídio contra seu próprio povo", insistiu o ministro gambiano de Justiça, Abubacarr Tambadou, diante dos juízes da Corte com sede em Haia.

Imagem manchada

Ainda citada ao lado de grandes nomes como Nelson Mandela e Mahatma Gandhi em um passado não tão distante, Suu Kyi, 74 anos, está com a imagem manchada desde que defendeu os generais do exército birmanês. No entanto, ela pode contar com amplo apoio em seu país.

Na terça-feira, o ministro da Justiça da Gâmbia, Abubacarr Tambadou, disse a repórteres que seria "extremamente decepcionante" que Suu Kyi desminta qualquer ato repreensível contra os rohingya.

A Gâmbia está pedindo ao ICJ, o principal órgão judicial das Nações Unidas, medidas urgentes para pôr fim ao "genocídio em andamento" em Minarmar, enquanto se aguarda uma decisão sobre o mérito do caso. Esse julgamento pode esperar anos.

Sanções americanas

 Os advogados de Gâmbia denunciaram na terça-feira o aparecimento de enormes outdoors em toda a Birmânia nas últimas semanas, mostrando Aung San Suu Kyi com três generais sorridentes do exército birmanês.

Para o advogado Paul Reichler, isso mostra que eles estão "todos envolvidos" nos abusos cometidos contra os rohingya. Isso prova "que a Birmânia não tem absolutamente nenhuma intenção de responsabilizar seus líderes militares", disse ele.

Poucas horas após a primeira audiência da ICJ, os Estados Unidos aumentaram suas sanções contra o chefe do exército birmanês pelos assassinatos em larga escala de muçulmanos rohingya.

Essas sanções fazem parte de uma ampla série de medidas punitivas anunciadas por Washington por ocasião do Dia Mundial dos Direitos Humanos.

O comandante em chefe do exército birmanês, Min Aung Hlaing, seu segundo em comando, Soe Win, e os generais Than Oo e Aung Aung já haviam sido proibidos de entrar nos Estados Unidos desde julho por seu papel nos Estados Unidos. "limpeza étnica" da minoria Rohingya denunciada pelo governo dos EUA.

(Com informações da AFP)

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