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Rússia faz mistério em torno do incêndio de um submarino

O Kremlin informou nesta quarta-feira (3) que não poderá revelar detalhes do desastre que matou 14 marinheiros russos no mar de Barents. Um breve comunicado do Ministério da Defesa, que não esclarece as circunstâncias da tragédia, informa que o acidente aconteceu na noite de segunda-feira (1) e que os homens a bordo morreram envenenados por fumaça tóxica.

O submarino Kursk na base de Vidyayevo.
O submarino Kursk na base de Vidyayevo. AFP
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"A informação não pode ser revelada, é completamente normal", disse o porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, citando "segredo de Estado".

A embarcação realizava uma missão de observação no fundo do mar. Parte da tripulação sobreviveu, pois o submarino conseguiu retornar ao seu porto de origem, localizado na cidade de Severomorsk, na região de Murmansk, no Ártico.

O ministro da Defesa, Sergei Choïgou, confirmou que havia sobreviventes entre a tripulação, incluindo um "representante da indústria civil" retirado primeiro em uma área hermeticamente fechada. Choïgou ordenou o "reparo rápido do submarino e o seu retorno a águas profundas", de acordo com agências russas.

Tipo de embarcação

Nenhum detalhe, no entanto, foi divulgado sobre o tipo de embarcação. As autoridades descreveram apenas que se tratava de um dispositivo de pesquisa, projetado para estudar ambientes marinhos e o fundo do mar.

Segundo fontes citadas pela imprensa russa, seria um pequeno submarino nuclear do tipo AS-12 ou AS-31, construído para operar em grandes profundidades, com capacidade para acomodar até 25 pessoas. Ambos os modelos correspondem ao tipo apelidado de "Locharik", uma máquina secreta destinada a operações especiais e que pode mergulhar a até 6.000 metros de profundidade.

"Com seu braço articulado, o submarino é capaz de interagir com o fundo do mar (...) Ele também é o responsável por prender cabos debaixo da água e pode fazer missões muito sensíveis", disse Igor Delanoe, vice-diretor do Observatório franco-russo e especialista na marinha russa.

Segundo a fonte, este tipo de submersível foi usado em 2012 "para colher amostras da plataforma continental no subsolo do Ártico", a fim de que a Rússia pleiteasse junto à ONU a ampliação de suas fronteiras.

Este modelo está ligado à divisão de mergulho em águas profundas do Departamento de Defesa, uma divisão especial e "completamente autônoma" da Marinha Russa. "Este é um dos ramos mais secretos, o mais misterioso", diz Igor Delanoe. O especialista diz que esse departamento "tem a elite da frota de submarinos russos, os mergulhadores mais qualificados, mais experientes e mais treinados ".

Lembranças do Kursk

O acidente reavivou a memória da tragédia do Kursk, que afundou em agosto de 2000 com 118 homens a bordo e traumatizou profundamente o país. A tragédia marcou o primeiro mandato de Vladimir Putin, que foi criticado, na época, pela demora em se pronunciar sobre o caso.

 Dessa vez o presidente russo manifestou-se imediatamente pela televisão, para solidarizar-se com as famílias das vítimas. Vladimir Putin descreveu o desaparecimento desses marinheiros como "uma grande perda" e pediu uma investigação. Ao expressar suas condolências aos parentes das vítimas, disse que dois "Heróis da Rússia" e sete capitães de primeira classe, o mais alto escalão entre os oficiais da marinha russa, estavam entre os mortos.

Putin também pediu ao seu ministro da Defesa que "encontre as razões para essa tragédia".

 

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