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Centenas de pessoas protestam contra controverso projeto de lei diante do Parlamento de Hong Kong

Dois dias após um imenso protesto que reuniu mais de um milhão de pessoas nas ruas de Hong Kong, centenas de manifestantes enfrentaram a forte chuva que caía nesta terça-feira (11) para denunciar mais uma vez o controverso projeto de lei que visa permitir extradições para a China.

Manifestantes cercaram o Conselho Legislativo de Hong Kong nesta terça-feira (11) para protestar contra um polêmico projeto de lei.
Manifestantes cercaram o Conselho Legislativo de Hong Kong nesta terça-feira (11) para protestar contra um polêmico projeto de lei. REUTERS/Thomas Peter
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Uma petição online convocou 50 mil pessoas a se reunirem a partir da noite desta terça-feira diante do Conselho Legislativo, o Parlamento de Hong Kong. O objetivo dos manifestantes é permanecer no local até quarta-feira (12), quando recomeçam os debates em torno do controverso texto.

Centenas de pessoas atenderam à convocação. A segurança foi reforçada na região, ao mesmo tempo em que a polícia realizava controle de identidade. As autoridades temem confrontos violentos, como os que ocorreram na madrugada de segunda-feira (10).

No último domingo (9), a ex-colônia britânica foi palco do maior protesto ocorrido desde sua transferência para a China em 1997. De acordo com os organizadores, mais de um milhão de pessoas foram às ruas pedir ao executivo de Hong Kong desista de seu projeto de lei.

Boa parte dos cidadãos de Hong Kong se opõe ao texto, de empresários a estudantes, e até mesmo as comunidades religiosas. O projeto de lei também provoca críticas de países ocidentais, que temem uma Justiça chinesa opaca e politizada e acreditam em que essa reforma prejudicará a imagem internacional e a atratividade do território.

No entanto, a dirigente do executivo de Hong Kong, Carrie Lam, garantiu que está engajada na aprovação do projeto de lei, apesar da insatisfação da população. "Peço às escolas, pais, instituições, empresas e sindicatos a pensarem bem antes de aprovarem essas ações radicais", advertiu, durante uma coletiva de imprensa.

Controverso projeto de lei

O texto que será analisado na quarta-feira pelo Conselho Legislativo deve permitir extradições para julgamento de réus a todas as jurisdições nas quais não existe acordo bilateral, incluindo a China continental. Segundo as autoridades, a lei - se aprovada -  deve preencher um vácuo legal e fazer que Hong Kong deixe de ser um refúgio para alguns criminosos. 

As autoridades garantem que existem salvaguardas em relação aos direitos humanos e que não terá adversários políticos da China como alvo. Depois de anos de tensão com a China, porém, os cidadãos não acreditam mais nas promessas de seus políticos e desconfiam das intenções do governo chinês.

No final de 2014, o centro de Hong Kong foi bloqueado durante várias semanas pelo "Movimento dos Guarda-chuvas", uma mobilização para exigir que a eleição do chefe do Executivo acontecesse por sufrágio universal. Mas Pequim não deixou passar e deteve as principais lideranças da mobilização.

Vários setores aderem aos protestos

Dezenas de empresas e estabelecimentos comerciais de Hong Kong anunciaram sua intenção - incomum na ex-colônia britânica - de não trabalhar na quarta-feira para protestar. Vários comerciantes já se mobilizaram nas redes sociais, sob a hashtag que pode ser traduzida como "#greve1206", para anunciar que suas lojas fecharão suas portas para permitir que seus funcionários possam ir à manifestação. São cafés, restaurantes, lojas de aparelhos eletrônicos e de brinquedos, salões de beleza, estúdios de ioga e até mesmo uma sex shop.

Mais de 1.600 funcionários de companhias aéreas também assinaram um abaixo-assinado, pedindo a seu sindicato que entre em greve. Um sindicato de motoristas de ônibus convida seus membros a dirigirem muito lentamente na quarta-feira para mostrar seu apoio aos manifestantes. Professores, enfermeiros e assistentes sociais também expressaram sua disposição em interromper o trabalho.

No acordo de 1984 entre Londres e Pequim, que selou sua retrocessão em 1997, Hong Kong desfruta de uma semiautonomia e liberdades que não existem na China continental e, em tese, até 2047. A ex-colônia britânica tem sido, no entanto, palco de intensa agitação política na última década, devido à preocupação com a crescente interferência de Pequim em seus assuntos internos e com a sensação de que o famoso princípio "Um país, dois sistemas" não é mais respeitado.

Os Estados Unidos manifestaram sua preocupação com os americanos que vivem em Hong Kong e que estarão "sujeitos aos caprichos do sistema judiciário chinês". A China respondeu e classificou a reação de Washington como "comentários irresponsáveis e equivocados".

(Com informações da AFP)

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