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Índia

Censo na Índia pode retirar a nacionalidade de quase 4 milhões de pessoas

Após a realização de um censo da população, o governo indiano afirmou que pretende retirar a nacionalidade de moradores vindos da vizinha Bangladesh, que entraram ilegalmente no país nos últimos 50 anos. A primeira lista, divulgada nesta segunda-feira (31), aponta que a maioria das pessoas visadas são muçulmanos. As autoridades temem tensões, já que quase 4 milhões podem ser afetadas pela medida.

Cartório civil no estado de Assam, onde fila de cidadãos esperam para obter seus documentos de identidade.
Cartório civil no estado de Assam, onde fila de cidadãos esperam para obter seus documentos de identidade. REUTERS/Stringer
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Em 1971, durante a guerra pela independência de Bangladesh, centenas de milhares de pessoas fugiram para a Índia, muitos deles adquirindo a nacionalidade indiana com o passar dos anos. Desde então, a migração prossegue, de forma quase sempre ilegal e, em algumas regiões os bengaleses – de maioria muçulmana – já são mais numerosos que os hindus, o que provoca frequentemente conflitos inter-religiosos.

Esse é o caso do estado fronteiriço de Assam, principal afetado pela regra imposta pela Corte Suprema. Esse texto oficial, implementado durante o censo que começou em 2015, considera que qualquer pessoa que não consiga provar sua presença na Índia antes de 1971 não teria direito à nacionalidade indiana. Cerca de 12% da população de Assam é visada.

Expulsar os muçulmanos, como em Mianmar

O estado é governado desde 2016 por nacionalistas hindus, acusados de tentar usar a medida para expulsar os muçulmanos do país, já que muitos não teriam como provar sua presença em solo indiano nos últimos 50 anos. As autoridades no poder não negam a vontade de transformar a Índia em um país hindu, diminuindo a presença de outras crenças religiosas em seu território.

Alguns já comparam a situação indiana com o contexto vivido recentemente em Mianmar, a antiga Birmânia, onde o governo pró-budista retirou a nacionalidade de milhões de rohingyas, minoria muçulmana vinda também de Bangladesh. A decisão das autoridades birmanesas provocou uma das piores crises humanitárias das últimas décadas na região.  

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