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Xiitas e comunistas se unem em coalizão inédita para eleições legislativas no Iraque

Com a aproximação das eleições legislativas no próximo sábado (12), e após anos de divisão e conflitos, os iraquianos dão sinais de que estão prontos para deixar de lado suas diferenças. Os mais distintos partidos políticos se uniram em coalizões – abandonando antigas disputas para responder à vontade popular. Mesmo sunitas e xiitas decidiram se associar, assim como movimentos comunistas e de tendência islâmica.

Apoiadores da coalizão "Marcha para as reformas" em Bagdad
Apoiadores da coalizão "Marcha para as reformas" em Bagdad AHMAD AL-RUBAYE / AFP
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Com informações de Sami Boukhelifa et Richard Riffonneau, correspondentes da RFI no Iraque

Dois dias antes das eleições, a efervescência toma conta da sede dos “sadristas”, grupo partidário que recebe apoio de Moqta al-Sadr, líder xiita, mas também dos comunistas iraquianos. Para Mohamed al Helfi, responsável pela campanha eleitoral do partido, não existe contradição nessa união entre os “turbantes” e “a foice e o martelo”, batizada de “A marcha pelas reformas”.

“Nossa união com os comunistas é do interesse do país. Ela vai além das questões ideológicas islâmica ou comunista. Nós queremos dirigentes competentes, pouco importa a tendência política”, explica. “No final, somos todos iraquianos e temos um objetivo comum: caçar os corruptos do poder”.

Já Raed Fahmi, secretário-geral do partido comunista iraquiano, insiste no fato de que “havia reticências no trabalho em equipe com os dois grupos, mas que esse sentimento foi diminuindo até que uma comunicação pudesse se estabelecer. Coordenamos ações em comum e, ao mesmo tempo, cada um reconheceu seus limites e nossas diferenças”.

Eleições em tempos de paz

É a primeira vez que os iraquianos vivem uma eleição durante um período calmo, sem conflitos armados. Desde 2003, com a invasão americana, o país atravessa uma crise constante. Durante os últimos quinze anos, o Iraque presenciou três eleições legislativas, todas marcadas pela guerra civil e pelo terrorismo. O fato de que o grupo terrorista Estado Islâmico, enquanto entidade que controla um território iraquiano, deixou de existir abriu as portas para um período eleitoral mais sereno.

Para Karim Pakzad, pesquisador do Instituto de Relações Internacionais e Estratégicas (IRIS), essas são as eleições mais importantes no Iraque desde a invasão americana. “As últimas eleições foram marcadas por uma divisão comunitária e religiosa. No passado, os xiitas, que são maioria, tinham uma perspectiva unitária para dirigir o governo. Mas desta vez, o Iraque vai além da questão comunitária e é por isso que certas coalizões se tornaram possíveis”.

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