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Internet e adolescentes: falta discernimento entre “hoax” e verdade

Novo estudo desenvolvido pela Universidade de Stanford considera “desoladora” a capacidade de julgamento do público adolescente frente às informações obtidas por meio da Internet.

Pesquisa da Universidade de Stanford mostra a incapacidade do público adolescente de avaliar a veracidade das notícias compartilhadas em redes sociais.
Pesquisa da Universidade de Stanford mostra a incapacidade do público adolescente de avaliar a veracidade das notícias compartilhadas em redes sociais. Creative Commons/pixabay
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O fenômeno, comum em jovens plateias do cyberespaço no mundo inteiro, favorece o aparecimento dos chamados “hoax” de Internet, notícias produzidas e difundidas como se fossem verdades, mas que não passam de invenções compartilhadas como se fossem fatos verídicos.

O exemplo mais notório é o caso recente de Paul Horner, americano de 38 anos, especialista em “fake news” que vem construindo um verdadeiro império de “hoaxes” virais há vários anos nas redes sociais. Horner chegou a convencer duas vezes a Internet que ele era o artista britânico Banksy e foi um dos responsáveis por publicar as falsas notícias (que viralizaram globalmente) sobre uma suposta ação judicial entre o site de notícias Yelp e os criadores de “Sout Park” em 2015.

Segundo explicou o jornal americano Washington Post, em matéria especial, os criadores de falsas notícias na Internet ganham dinheiro por meio da publicidade que disputa espaço em páginas de “hoaxes”. Segundo David Carroll, especialista ouvido pelo Post e professor de Media Design, “trata-se de um modelo de negócio que não mudou muito nos último anos. Qualquer pessoa pode facilmente criar um site e colocar publicidade paga nele”, explicou Carroll ao jornal.

O estudo, publicado na terça-feira (22) pela Universidade de Stanford, na Califórnia, se debruça sobre a capacidade de vigilância e de discernimento dos jovens e adolescentes em relação a falsas informações. A pesquisa foi realizada depois da campanha vitoriosa de Donald Trump à presidência americana junto a quase oito mil estudantes, entre colegiais e universitários, de janeiro de 2015 a junho de 2016.

Flores de Fukushima e outros “hoaxes”: jovens e mitomania

Segundo o jornal Le Monde, que publicou matéria sobre o estudo em sua edição desta sexta-feira (25): “nossos ‘nativos digitais’ podem talvez ser capazes de surfar entre Facebook e Twitter, publicando ao mesmo tempo uma selfie no Instagram e enviando um SMS a um amigo, mas quando é necessário avaliar uma informação que transita pelas redes sociais, eles são facilmente enganados”.

Le Monde explica que, para chegar a um resultado concreto, os pesquisadores da Universidade de Stanford promoveram uma série de exercícios com níveis de dificuldades diferentes, de acordo com a classe etária. “Por exemplo, eles mostraram a colegiais uma publicação compartilhada pelo site de imagens Imgur, muito conhecido pelos adolescentes”, explica o jornal. “Vemos uma foto com margaridas deformadas, com o título ‘As flores nucleares de Fukushima’. Dos estudantes abordados, 40% afirmaram acreditar que a publicação apresentava provas sólidas sobre o estado da região de Fukushima. Menos de 20% dos jovens entrevistados questionaram a fonte da imagem ou de sua publicação”, conta Le Monde.

A polêmica levou empresas como Google e Facebook a anunciar medidas para lutar contra o fenômeno, principalmente entre o público adolescente. Para o jornal Le Monde, “a forma como os internautas se comportam face a informações recebidas e compartilhadas na Internet é um assunto da maior importância, muito discutido depois da eleição presidencial americana. O Facebook foi acusado de deixar proliferar, e mesmo de valorizar falsas informações, o que teria beneficiado Donald Trump.

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