Guerras, clima e pobreza produzem 50 milhões de crianças deslocadas no mundo
Ao menos 50 milhões de crianças vivem "deslocadas" no mundo após abandonarem suas casas em consequência de guerras, perseguições e do aquecimento global. A advertência é feita nesta quarta-feira (7) pelo Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef).
Publicado em:
Em entrevista à RFI, o porta-voz da Unicef Christophe Boulierac disse que esse fenômeno se tornou mundial com o avanço da violência e da pobreza. Ele citou o caso da América Central, onde crianças que são alvo de aliciamento e agressões de gangues são obrigadas a fugir do local de origem.
Segundo a Unicef, no final de 2015, ao menos 31 milhões de crianças viviam refugiadas no exterior e 17 milhões estavam deslocadas em seus próprios países. "Deslocado, refugiado ou requerente de asilo, é preciso proteger essas crianças no trajeto que elas percorrem, qualquer que seja a razão que as tenha levado a deixar suas casas", afirmou o porta-voz. Boulierac considera um absurdo que estados prendam crianças por falta de documentos, por exemplo.
Vítimas da guerra e da burocracia dos estados
As imagens "indeléveis" das crianças vítimas da guerra na Síria - o pequeno corpo de Aylan Kurdi, encontrado em uma praia afogado, ou o olhar perdido no rosto ensanguentado de Omrane Daqneesh, sentado em uma ambulância após a destruição de sua casa - sacudiram o mundo inteiro", declarou Anthony Lake, diretor-geral da Unicef. "Cada foto, cada menina ou menino simbolizam milhões de crianças em perigo e necessitamos que a compaixão que sentimos pelas vítimas que podemos ver se traduza em uma ação a favor de todas as crianças".
Do total de 50 milhões de crianças "deslocadas", uma avaliação "prudente" da Unicef indica que 28 milhões foram expulsas de suas casas por conflitos, e têm uma necessidade urgente de ajuda humanitária e de acesso aos serviços essenciais. Outras 20 milhões de crianças deixaram suas casas devido à extrema pobreza ou diante da violência de grupos criminosos. "Muitos correm os risco de serem maltratados ou detidos, diante da falta de documentos ou de um estatuto jurídico preciso", destaca a Unicef.
A agência da ONU observa ainda que as crianças representam "uma parte desproporcional e crescente" das pessoas que buscam refúgio fora de seu país de nascimento: são quase a metade dos refugiados para um terço da população mundial". Em 2015, em torno de 45% das crianças refugiadas sob a proteção da ONU eram originários de Síria e Afeganistão.
Diante deste panorama, a Unicef conclamou as autoridades a acabar com a detenção de crianças imigrantes e de solicitantes do status de refugiado, a não separá-los de suas famílias, a permitir seu acesso aos serviços de saúde e a promover a luta contra a xenofobia e a discriminação.
NewsletterReceba a newsletter diária RFI: noticiários, reportagens, entrevistas, análises, perfis, emissões, programas.
Me registro