Mais de 60 hospitais apoiados pela MSF foram bombardeados na Síria em 2015
Um relatório publicado pela Ong francesa Médicos Sem Fronteiras (MSF), publicado nesta quinta-feira (18), denunciou os ataques aéreos que estão destruindo as estruturas sanitárias na Síria. Segundo o documento, 94 bombardeios atingiram 63 centros médicos apoiados pela MSF no país em guerra, em 2015.
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Os ataques aéreos destruíram completamente 12 hospitais e deixaram 81 funcionários mortos ou feridos. "Após cinco anos de guerra, as infraestrututras sanitárias na Síria estão sendo dizimadas", constata a organização não-governamental. Durante uma conferência de imprensa em Genebra, a presidente internacional da MSF, Joanne Liu, afirmou que a Síria se transformou em "uma máquina de matar".
Na última segunda-feira (15), mais cinco centros médicos e duas escolas em Aleppo e Idlib, no norte do país, foram alvos de tiros de mísseis. Cinquenta pessoas morreram e dezenas ficaram feridas nesses ataques, estima a ONU. O incidente mais grave destruiu um hospital, apoiado pela MSF, em Marat Numan, na província de Idlib, matando 25 pessoas. A Ong pede a realização de uma investigação independente sobre esse bombardeio que ela considera um crime de guerra.
"Esse ataque só pode ter sido deliberado e foi provavelmente realizado por forças leais ao regime sírio", afirma Joanne Liu. Ela lembrou aos envolvidos no conflito que o "médico que trata do inimigo não é o inimigo".
MSF tem agora somente três hospitais na Síria
Atualmente, a MSF possui apenas três hospitais próprios na Síria. Depois que cinco de seus funcionários expatriados foram sequestrados no nordeste do país, em 2014 e depois libertados, a Ong se limita a enviar material e remédios aos centros médicos sírios existentes. O balanço feito pelo relatório publicado hoje aponta que as estruturas sanitárias apoiadas pela MSF registraram 7 mil mortos e 155 mil feridos em 2015, no país. Mulheres e crianças representam entre 30 a 40% das vítimas. A fome nas cidades sitiadas também é responsável por dezenas de mortos.
"Em 44 anos de existência, nunca tínhamos visto um número de feridos tão elevado", ressalta a presidente da MSF. Os 70 hospitais e centros médicos que recebem uma ajuda regular da organização representam apenas uma pequena parte da estrutura médica do país e a "situação real do número de feridos deve ser muito pior do que a que constatamos", avalia.
Os cinco anos do conflito sírio deixaram até agora 260 mil mortos e levaram milhões de pessoas a fugir do país.
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