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Economia

Com capital de US$ 100 bilhões, banco dos Brics é inaugurado em Xangai

O Novo Banco de Desenvolvimento, criado pelos cinco membros dos Brics (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul), foi inaugurado nesta terça-feira (21) na metrópole chinesa de Xangai, para permitir aos países emergentes um financiamento alternativo às instituições multilaterais com sede em Washington. A instituição tem um capital estimado em US$ 100 bilhões e tem como objetivo financiar grandes obras de infra-estrutura nos países que solicitem.

Kundapur Vaman Kamath, presidente do banco,  Lou Jiwei, ministro das Finanças da China, e Yang Xiong, prefeito de Xangai
Kundapur Vaman Kamath, presidente do banco, Lou Jiwei, ministro das Finanças da China, e Yang Xiong, prefeito de Xangai REUTERS/Aly Song
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Os Brics representam 40% da população e um quinto do PIB mundial. A criação da nova instituição financeira é considerada uma tentativa de chacoalhar o status quo da economia global, especialmente o Fundo Monetário Internacional (FMI) e o Banco Mundial (BM), criticados por não refletir a ascensão dos grandes países emergentes .

O banco, cuja criação foi anunciada em julho de 2014, será presidido pelo ex-banqueiro indiano KV Kamath, nomeado em maio para um mandato de cinco anos. Banqueiro experiente, ele foi o responsável pela recuperação do banco indiano Icici, que se tornou um dos maiores credores do país em seus 13 anos na presidência. KV Kamath também trabalhou para o Banco Asiático de Desenvolvimento, no sul da Ásia.

A abertura do novo banco acontece duas semanas depois da Cúpula dos Brics, em Ufá, na Rússia. Moscou, severamente afetada pelas sanções relacionadas com a crise ucraniana e pela queda do rublo, vê no banco e nas suas reservas uma alternativa às instituições financeiras globais, como o FMI e o Banco Mundial, sob a influência americana.

Banco asiático

No encontro de Ufá, o chefe da diplomacia russa, Serguei Lavrov, sublinhou que os Brics "ilustram um novo sistema das relações internacionais e demonstram a crescente influência dos novos centros de poder." Segunda economia mundial, a China também presidiu o lançamento de outra instituição financeira multilateral, o Banco Asiático de Investimento nas Infraestruturas (BAII), com sede em Pequim.

Dotado igualmente de um capital de US$ 100 bilhões, o BAII foi oficialmente criado no fim de junho com a participação de 50 países, dos quais 20 ocidentais, como França, Alemanha e Reino Unido.A China é o maior contribuinte, com 30% de participação. Os Estados Unidos e o Japão não participam da iniciativa.

O ministro das Finanças chinês, Lou Jiwei, descartou a hipótese de concorrência entre o Novo Banco de Desenvolvimento, o BAII e instituições internacionais semelhantes. O banco dos Brics "vai trabalhar de maneira positiva complementando o sistema financeiro internacional existente e buscará modelos inovadores", disse o ministro na cerimônia de inauguração. Operações concretas da nova instituição começarão no final de 2015 ou no início de 2016.

Disputa do poder econômico

Ao criar suas próprias instituições financeiras, os Brics disputam o poder econômico global, apesar de ainda estar longe de destronar o atual sistema dominado pelo Ocidente.

O Fundo Monetário Internacional e o Banco Mundial são de fato os pilares da mobilização financeira no mundo, do auxílio a países com problemas e do apoio a projetos de desenvolvimento. Mas as duas instituições de Bretton Woods são regularmente criticadas, especialmente por causa da sua política. Elas têm sido presididas por europeus ou americanos desde a sua criação em 1944.

Nesse contexto, o lançamento do banco é uma tentativa concreta de corrigir os desequilíbrios. Ele também envia um sinal forte às chancelarias ocidentais, que duvidavam da capacidade dos Brics de superar as diferenças.

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