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Catar/Imigração

Anistia denuncia que imigrantes são tratados como “animais” no Catar

A Anistia Internacional denunciou a exploração “alarmante” dos trabalhadores imigrantes no Catar e fez um apelo para o país aproveitar a Organização da Copa do Mundo de 2022 para provar seu respeito aos direitos humanos. A Fifa diz confiar nas promessas das autoridades do país em melhorar as condições trabalhistas para os estrangeiros.

Prédios modernos em Doha, a capital do Catar.
Prédios modernos em Doha, a capital do Catar. Wikimedia
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Em um relatório publicado na noite deste domingo, a organização de defesa dos Direitos Humanos também apela para a Fifa pressionar o emirado rico em gás para que melhore as condições dos operários estrangeiros, a maioria asiáticos.

O governo de Doha, anunciou que vai juntar as conclusões da Anistia Internacional à "investigação independente" que está sendo realizada por um escritório de advogados internacionais escolhidos para investigar denúncias de abuso já feitas anteriormente.

"Nossas conclusões mostram um nível alarmante de exploração no setor da construção civil no Catar”, declarou em Doha o secretário-geral da Anistia, Salil Shetty, por ocasião da publicação do relatório “O aspecto sombrio da imigração: holofote sobre o setor da construção civil no Catar antes da Copa do Mundo”.

"É simplesmente imperdoável que tantos trabalhadores imigrantes sejam impiedosamente explorados e privados de seus salários em um dos países mais ricos do mundo”, afirma o documento.

Para a Anistia Internacional, alguns casos parecem como trabalhados forçados. “A Fifa tem o dever de enviar uma mensagem firme dizendo que não vai tolerar violações dos direitos humanos nos canteiros de obras ligados à Copa do Mundo”, escreve a Anistia .

Em um comunicado publicado nesta segunda-feira, a Fifa afirma “acreditar fortemente” no impacto positivo do Mundial de 2022 através de “uma melhoria dos direitos trabalhistas e das condições dos trabalhadores imigrantes”.

No dia 9 de novembro o presidente da Fifa, Joseph Blatter indicou em Doha que as autoridades do Catar haviam feito a promessa de que “leis trabalhistas receberiam emendas ou já estão em vias de serem melhoradas”.

“O Catar estará sob os holofotes o que garante ao governo uma ocasião única de provar ao mundo seriedade em seu compromisso com o respeito dos direitos humanos”, disse Salil Shetty.

Operários tratados como “animais”

Em seu relatório, a Anistia Internacional fez um trabalho longo e minucioso e encontrou diversos exemplos de abusos contra os imigrantes estrangeiros como “o não pagamento de salários, condições de trabalho duras e perigosas, e condições de alojamento escandalosas”, às vezes sem ar condicionado sob um calor sufocante.

O documento relata que dezenas de trabalhadores imigrantes ficaram bloqueados durante meses por seus empregadores porque o Catar é o único país do Golfo, além da Arábia Saudita, a impor um visto de saída para os expatriados.

A Anistia citou como exemplo um grupo de 70 trabalhadores do Nepal e do Sri Lanka, além de outras nacionalidades, que trabalhavam para uma empresa que constrói imóveis de luxo em Doha mas que não pagava salários há 9 meses, deixando os imigrantes sem dinheiro até para comprar comida.

Um chefe de uma empresa tratava os seus empregados como verdadeiros “animais”, escreveu a Anistia em seu relatório.

 

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