Kerry desembarca em Israel em clima de tensão diplomática

O secretário de Estado norte-americano John Kerry desembarcou nessa quarta-feira, 4 de dezembro, em Israel para discutir o processo de paz na região. A viagem é realizada em clima de tensão diplomática, já que essa é a primeira visita do representante da Casa Branca ao Estado hebreu desde a conclusão em novembro em Genebra do acordo sobre o programa nuclear iraniano, um texto considerado pelas autoridades israelenses como um erro histórico.

O secretário de Estado norte-americano John Kerry tenta desbloquear as negociações de paz israelo-palestinas durante sua passagem por Israel. REUTERS/Pablo Martinez Monsivais

O chefe da diplomacia norte-americana tem reuniões previstas com o primeiro-ministro israelense Benjamin Netanyahu e com o presidente palestino Mahmoud Abbas. No entanto, mesmo se o objetivo principal da viagem é tentar desbloquear as negociações de paz na região, o acordo concluído entre o Irã e o grupo P5+1 (os cinco membros do Conselho de Segurança da ONU e a Alemanha) no dia 24 de novembro em Genebra deve rondar as discussões. O representante da Casa Branca deve abordar o assunto durante seu encontro com o chefe do governo de Israel.

O acordo sobre o nuclear fechado entre o Irã e a comunidade internacional, que contou com o apoio dos Estados Unidos, aliados tradicionais de Israel, não foi bem recebido pelo Estado hebreu. O premiê israelense chegou a declarar que tratava-se de um erro histórico e que o projeto “tornaria o mundo mais perigoso”, em alusão ao risco potencial de que Teerã estaria usando seu programa nuclear para construir uma bomba atômica.

Washington deve apresentar durante essa visita um plano sobre a segurança na Cisjordânia, que seria aplicado após a criação do Estado palestino. A informação, divulgada pelo jornal israelense Harretz, foi confirmada pela diplomacia norte-americana.

Essa é a oitava vez que Kerry visita Israel desde o mês de março. Ele conseguiu relançar o diálogo direto entre os responsáveis israelenses e palestinos no mês de julho, mas desde então os discussões deixaram de avançar. Abbas já avisou que se as negociações fracassarem novamente, ele pretende apelar para a intervenção de instâncias internacionais.