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Saiba quem é o “herói da mochila” que defendeu crianças do ataque em Annecy

Henri D’Anselme, de 24 anos, virou herói nacional na França por enfrentar o autor do ataque na cidade de Annecy, no sul da França, na quinta-feira (8), que feriu seis pessoas, entre elas quatro crianças. Para se proteger, ele usou uma simples mochila. O jovem teve um encontro rápido com o presidente francês Emmanuel Macron nesta sexta-feira (9).

Henri D'Anselme, o "herói das mochilas" em entrevista ao canal BFMTV nesta sexta-feira, 9 de junho de 2023.
Henri D'Anselme, o "herói das mochilas" em entrevista ao canal BFMTV nesta sexta-feira, 9 de junho de 2023. © captura de vídeo BFMTV
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Logo após a difusão das imagens do ataque, as mensagens se multiplicaram nas redes sociais perguntando quem era o jovem que conseguiu afastar o refugiado sírio do parque onde estavam as crianças, antes que ele fosse imobilizado pela polícia.

Os internautas rapidamente conseguiram identificar o “herói da mochila”, que recebeu o apelido porque levava duas: uma grande nas costas e outra que usou para se proteger dos ataques.

Segundo a imprensa francesa, D’Anselme é um católico fervoroso e iniciou há dois meses e meio um périplo pela França visitando catedrais. Ele compartilha seu dia-a-dia com seguidores em redes sociais. Pouco antes do ataque, ele havia postado um story no Facebook mostrando o Lago de Annecy. Uma hora depois, postou outra imagem, desta vez mostrando carros de bombeiros e pedindo “uma união de oração pelas vítimas” do atentado.

Por fim em um último vídeo, ele diz que foi à polícia prestar depoimento. “Rezem pelas crianças, eu estou bem”, escreveu em sua última mensagem.

Homenagens

Nas redes sociais, muitos usuários pedem agora que ele receba a Legião de Honra, a principal condecoração honorífica da França, ou postem montagens de fotos de D’Anselme vestido como cavaleiro medieval.

Em entrevista à tevê francesa, ele disse que agiu por instinto. “Eu não pensei em nada. O cérebro desligou”, disse. “Era impossível deixar as pessoas serem atacadas por alguém que parecia ser um louco perigoso. Ele tentou a certa altura me atacar, nossos olhares se cruzaram e percebi que era alguém que não estava em estado normal, havia algo muito ruim nele que precisava ser parado.”

Em outra entrevista, D'Anselme disse que não acreditava que tinha sido por “acidente que cruzei com este homem. Agi instintivamente e fiz o que pude para proteger os mais fracos.”

Originalmente de Le Pecq, em Yvelines, noroeste de Paris, o jovem estudou em uma escola de Administração e Negócios em Marselha, no sul. Ele obteve um diploma em Gestão Internacional antes de partir em sua turnê pelas catedrais francesas.

Nesta sexta-feira, em visita à Annecy, Emmanuel Macron encontrou-se rapidamente com Henri d'Anselme, que aproveitou a ocasião para lhe perguntar se poderia ter a honra de assistir "à inauguração de Notre-Dame de Paris". A resposta foi positiva. “Eu cuido disso pessoalmente”, respondeu o chefe de Estado.

Após o ataque e a fama repentina, os seguidores do perfil "Le chant des cathedrales" (O canto das catedrais) criado por D’Anselme no Instagram passaram de 6 mil para mais de 85 mil.

 

 

Choque em Annecy

A imprensa francesa desta sexta-feira também destacou o choque da população de Annecy após o ataque.

"Medo e perguntas" é a manchete do jornal Le Figaro, que destaca que os investigadores se concentram na personalidade e motivações do autor dos atos de violência.

Por volta das 9 e meia da manhã de quinta-feira, o sírio Abdalmasih H., de 31 anos, desconhecido dos serviços de inteligência na França, perseguiu e esfaqueou frequentadores de um playground ao lado do lago de Annecy, deixando seis vítimas, quatro crianças e dois idosos.

O jornal Libération entrevistou testemunhas das cenas descritas como "alucinantes". Yohann, que estava no local com a filha de 3 anos, afirma ter visto o momento em que o agressor pulou o portão do local, com uma faca na mão. Anthony, que corria na pista ao lado do lago filmou o momento em que policiais chegaram, mas não conseguiram imobilizar o autor do ataque rapidamente, permitindo que ele ferisse um idoso.

"Estupefação e horror", afirma o jornal La Croix, que traz detalhes sobre o perfil do agressor. Refugiado sírio com residência na Suécia desde 2013, ele tinha autorização para viajar em todos os países do espaço Schengen, zona de livre circulação entre os países da União Europeia, do qual a França faz parte. No final do ano passado, ele registrou um pedido de asilo na França, mas foi recusado por já ter obtido o status de refugiado na Suécia.

"Resta saber o que esse homem fazia na França", diz La Croix. O jornal também destaca o depoimento da ex-esposa do agressor, que conheceu na Turquia, e com quem se mudou para a Suécia. Eles se casaram dois anos depois e tiveram uma filha.

Segundo a mulher, o ex-marido decidiu se separar dela e ir embora há oito meses porque não conseguiu obter a nacionalidade sueca. À polícia francesa, Abdalmasih se descreveu como cristão e disse viver em uma igreja desde que se mudou para a França. Durante o ataque, ele carregava uma cruz e um livro de orações cristãs.

Vítimas

O jornal Le Parisien traz mais detalhes sobre o estado das vítimas. No total, seis pessoas ficaram feridas, entre elas, quatro crianças de um a três anos. Dois menores são estrangeiros, um de nacionalidade britânica e outro holandesa, estavam com a família fazendo turismo pela França.

Le Parisien também entrevistou a bisavó de uma das duas crianças francesas feridas, Alba e Ennio, ambas de famílias da região de Annecy. Segundo ela, as duas foram transportadas para o hospital de Grenoble, no sudeste.

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