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Coalizão liderada por Arábia Saudita nega ataque contra prisão no Iêmen

A coalizão militar liderada pela Arábia Saudita negou em comunicado neste sábado (22) ter bombardeado um centro de detenção controlado por rebeldes hutis no Iêmen. O ataque matou pelo menos 70 pessoas na sexta-feira (21).

Imagem mostra destruição da prisão rebelde de Saada, no norte do Iêmen
Imagem mostra destruição da prisão rebelde de Saada, no norte do Iêmen AFP - -
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Os relatos de um ataque a uma prisão em Saada, no norte, são "infundados", segundo o general  Turki Al-Malki, porta-voz da coalizão que apoia o governo iemenita na guerra contra os rebeldes hutis. Ele acusou os rebeldes hutis de "desinformação." O comunicado foi citado pela agência de imprensa saudita. A Arábia Saudita lidera a coalizão militar de países muçulmanos, que inclui os Emirados Árabes Unidos e tem o apoio do Irã. 

O secretário-geral da ONU, Antonio Guterres, condenou os ataques. Ele lembrou que as normas internacionais proíbem ataques a alvos civis. O tom adotado pelo chefe da ONU contra a Arábia Saudita e os Emirados Árabes Unidos contrasta com a sua declaração de terça-feira (19), quando ele apenas lamentou os bombardeios.

De acordo com uma declaração divulgada pela ONU, Guterres lembra "a todas as partes que os ataques contra civis e infraestrutura civil estão proibidos pelo direito internacional humanitário." A ONU tenta, há vários anos, colocar um fim ao conflito que já teria deixado 377 mil mortos .

Em um comunicado, o secretário de Estado americano, Antony Blinken, sugeriu que as partes envolvidas se esforcem para amenizar as tensões e participem de um processo "inclusivo" liderado pela ONU. No Twitter, o Escritório do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos disse estar "profundamente chocado" com relatos de ataques da coalizão em "áreas populosas", incluindo Saada. "O custo em vidas humanas é inaceitável", lamentou.

Yemen
Yemen AFP

 

Indiferença

O ataque aéreo que atingiu a prisão de Saada, na sexta-feira (21), deixou pelo menos 70 mortos e 138 feridos, segundo a ONG Médicos Sem Fronteiras (MSF). O número envolve apenas pacientes encaminhados para um hospital da cidade, mas "outros dois estabelecimentos receberam diversos feridos", segundo a organização.

Oito ONGs, incluindo Ação Contra a Fome, Oxfam e Save the Children, relataram, em um comunicado conjunto, que migrantes estavam entre os mortos e denunciaram a "indiferença" em relação à vida dos civis. O bombardeio no Iêmen foi realizado pela coalizão, que controla o espaço aéreo do país. Os rebeldes divulgaram um vídeo mostrando o ataque à prisão, com prédios destruídos, equipes de resgate retirando corpos dos escombros e cadáveres mutilados nas proximidades.

"Ainda há muitos corpos no local do atentado e muitos desaparecidos", disse Ahmed Mahat, chefe da delegação dos Médicos Sem Fronteiras no Iêmen. Mais tarde, na Arábia Saudita, forças de defesa antiaérea interceptaram e destruíram um míssil lançado de Saada em direção à região de Khamis Mushait (sul), que abriga uma grande base aérea, na noite desta sexta-feira, segundo a coalizão.

 

Outra imagem mostra cenas de destruição na prisão de Saada, no Iêmen
Outra imagem mostra cenas de destruição na prisão de Saada, no Iêmen - Ansarullah media center/AFP

 

Bombardeio a Hodeida

Na noite de quinta-feira (20), a cidade portuária de Hodeida foi bombardeada pela coalizão. Pelo menos três crianças morreram, segundo a ONG Save the Children. "Aparentemente, as crianças estavam jogando em um campo de futebol próximo quando os mísseis caíram", declarou a diretora da ONG no Iêmen, Gillian Moyes.

A coalizão afirmou ter como alvo um "ponto crítico de pirataria e crime organizado" em Hodeida. A organização NetBlocks, especializada em monitorar a internet mundial, relatou um "colapso de conexões de internet no país", após o atentado. A maior parte da ajuda humanitária destinada ao Iêmen passa por Hodeida.

Durante o conflito no Iêmen, a coalizão militar foi acusada de vários "erros" em seus ataques, resultando em mortes de civis. E embora reconheça , acusa os rebeldes houthis de usar civis como escudos humanos. Os ataques ocorrem depois que os rebeldes reivindicaram, na segunda-feira, a autoria de um atentado com drones e mísseis contra instalações petrolíferas e aeroportuárias em Abu Dhabi, capital dos Emirados, no qual três pessoas morreram.

 

Soldado pró-governo em posição de ataque contra rebeldes houthis no Iêmen, em outubro
Soldado pró-governo em posição de ataque contra rebeldes houthis no Iêmen, em outubro © AFP

 

Retaliação

Os Emirados alertaram que haveria retaliação. A embaixadora dos Emirados na ONU, Lana Zaki Nusseibeh, afirmou que a coalizão militar teve "uma resposta proporcional em todas as suas operações militares". Reunidos em Nova York, membros do Conselho de Segurança da ONU condenaram, nesta sexta-feira, "nos termos mais fortes os hediondos ataques terroristas em Abu Dhabi", em um comunicado aprovado por unanimidade em uma sessão especial a portas fechadas convocada pelos Emirados.

(Com informações da AFP)

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