Covid-19: França debate vacinação de crianças com menos de 12 anos
Em um momento em que 69% dos franceses receberam ao menos uma dose de vacina contra a Covid-19, a França discute a imunização de crianças e bebês. A preocupação aumenta diante da volta às aulas no país, prevista para daqui a 15 dias.
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"Será preciso vacinar quem tem menos de 12 anos?": essa é a manchete de capa do jornal Le Parisien nesta quinta-feira (19). O motivo deste questionamento é que, com a imunização das faixas etárias superiores, um aumento de contaminações por Covid-19, além de hospitalizações, vem sendo registrado entre crianças e bebês.
Em entrevista ao diário, médicos expressam o temor de que, com a variante Delta, mais contagiosa do que as linhagens anteriores, o caos sanitário vivido no início de 2020 se repita, mas agora com os pequenos. Segundo dados do Instituto Pasteur, 50 mil crianças e pré-adolescentes podem ser infectados por dia na França com a volta às aulas, em setembro.
A matéria destaca que a França não é uma exceção. "Na última semana de julho, cerca de 72 mil menores testaram positivo à Covid-19 nos Estados Unidos, contra 39 mil na semana anterior", afirma.
Por isso, vários especialistas ouvidos pelo diário destacam a necessidade de vacinar as crianças, se for comprovado que os imunizantes são seguros para elas. Até o momento, nenhuma vacina foi aprovada para quem tem menos de 12 anos, embora muitos testes estejam sendo realizados com os fármacos da Pfizer e da Moderna.
Em entrevista ao Le Parisien, o pediatra Luc Panetta afirma que, caso as crianças não sejam imunizadas, o vírus vai infectá-las cada vez mais. Em sua opinião, vacinar os pequenos significa protegê-los, evitar que casos graves resultem em síndromes inflamatórias pediátricas, mas também proteger indiretamente os mais velhos.
Pais e mães reticentes
A questão divide as mães e os pais franceses. Muitos se dizem prontos a levar seus filhos aos centros de vacinação, logo que for comprovado que os imunizantes são seguros para eles. No entanto, muitas famílias francesas já expressam sua oposição à possibilidade. Nas manifestações contra o passaporte sanitário, que são realizadas há mais de um mês a cada fim de semana na França, o slogan "não toquem em nossas crianças" vem se tornando popular.
Le Parisien lembra que atualmente bebês já recebem 11 vacinas obrigatórias no país e que o imunizante contra a Covid-19 poderá se tornar mais uma delas. "Imunizar os pequenos pode ajudar também a impedir a aparição de uma nova variante, talvez mais forte", destaca o diário em editorial. Tão sensível e polêmica quanto a vacinação dos profissionais de saúde, a questão deve dominar a volta às aulas na França, já que o governo pretende lançar uma campanha de vacinação das crianças o mais tardar no início de 2022, afima o jornal.
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