Rússia qualifica de 'terrorista' ataque ucraniano a mercado em Donetsk que matou ao menos 25 pessoas

A Rússia denunciou neste domingo (21) o ataque ucraniano a um mercado de Donetsk que deixou pelo menos 25 mortos e 20 feridos. O "ato terrorista bárbaro” reforça, segundo o Kremlin, “a necessidade de alcançar todos os objetivos” da invasão na Ucrânia.

Corpos de vítimas mortas no bombardeio que autoridades russas atribuíram às forças ucranianas, em Donetsk, região do leste da Ucrânia controlada pela Rússia. Domingo, 21 de janeiro de 2024. AP - Alexei Alexandrov

A cidade de Donetsk, na região do Donbass, localizada a cerca de 20 km da linha da frente e que ficou sob o controle de separatistas pró-Rússia liderados por Moscou em 2014, é regularmente alvo de bombardeios ucranianos. Mas o ataque de Kiev ao mercado neste domingo foi o que mais provocou mortes nos últimos meses.

O governador da região controlada pela Rússia, Denis Pouchiline, anunciou pelo menos 25 mortos e 20 feridos, “incluindo duas crianças”.

"As pessoas gritavam, uma mulher chorava. Vi fumaça saindo, as janelas da loja estavam quebradas", disse Tatiana, moradora do bairro atingido, a veículos de comunicação locais russos.

"O que é militar aqui? É um mercado comum", questionou outra testemunha do ataque.

Muitos corpos ensanguentados estavam espalhados pelo chão, em meio a cacos de vidro.

O Ministério das Relações Exteriores russo denunciou “um ato terrorista bárbaro contra a população civil” realizado com “seis” salvas de artilharia disparadas de Avdiivka, epicentro dos combates e ainda sob controle de Kiev. “A necessidade de atingir todos os objetivos” da invasão na Ucrânia “é óbvia”, afirmou o ministério.

O ataque também estará na agenda de discussões do chefe da diplomacia russa, Sergei Lavrov, na ONU, em Nova York, a partir de segunda-feira (22), segundo Moscou.  

Limitado avanço russo

O Exército russo reivindicou, no domingo, a captura de Krakhmalnoye, uma pequena cidade de 45 habitantes, na região de Kharkiv (leste), ilustrando o aumento da pressão exercida pelas forças russas nas últimas semanas.

Na quinta-feira (18), Moscou reivindicou a conquista de outra pequena cidade, Veseloye, na região de Donetsk (leste). Mas Kiev imediatamente minimizou os avanços russos. "São cinco casas. Foram destruídas pelos russos", garantiu Volodymyr Fitio, porta-voz das forças terrestres, à televisão ucraniana.

Ele observou, no entanto, que as tropas ucranianas foram "transferidas para posições de reserva", onde "agora mantêm a defesa, impedindo o inimigo de continuar a avançar".

A área de Kupiansk, onde está localizado Krakhmalnoye, tinha sido ocupada pela Rússia no início da invasão russa, até que um ataque relâmpago dos ucranianos libertou a região em setembro de 2022, levando as tropas de Moscou a uma retirada humilhante.

A Rússia voltou a atacar nesta frente em 2023, enquanto a Ucrânia tentou, sem sucesso, uma grande contraofensiva no Donbass e no sul.

Diante dos repetidos ataques russos, as autoridades ucranianas ordenaram no início da semana a evacuação de 26 localidades da região de Kharkiv, onde se situa Kupiansk, uma decisão que envolveu cerca de 3.000 pessoas.

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Incêndio em terminal de gás

Em uma tentativa de deter o avanço russo e em retaliação aos ataques no seu território, o Exército ucraniano também aumentou os ataques de drones e mísseis no campo adversário nas últimas semanas.

Durante a madrugada de domingo, ocorreu um grande incêndio num terminal de gás na Rússia, no Mar Báltico, causado por “um fator externo”, segundo a Novatek, empresa que administra a unidade de Ust-Luga, no noroeste. “Não há vítimas”, disse a empresa de gás.

Vídeos nas redes sociais mostraram fogo e fumaça, com um tanque de “100 metros cúbicos” em chamas, segundo a agência de notícias Ria Novosti. Vários bombeiros estavam lutando para apagar o fogo sob temperaturas de -10°C.

A Novatek e as autoridades locais não deram informações, mas as suspeitas recaem sobre Kiev, que permanece em silêncio.

As forças ucranianas assumiram esta semana a responsabilidade por dois ataques a depósitos de petróleo em solo russo. O Ministério da Defesa russo, como é habitual, garantiu no domingo que impediu vários ataques ucranianos de drones e mísseis nas últimas horas, sem mencionar qualquer incidente em Ust-Luga.

(Com AFP)