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França lidera “coalizão de artilharia” internacional para acelerar entrega de armamemos à Ucrânia

Vinte e três aliados da Ucrânia lançaram uma coligação “de artilharia” em Paris nesta quinta-feira (18) para responder à falta de armas de Kiev para enfrentar a invasão russa. O governo ucraniano alertou sobre a “escassez de munições”, a pouco mais de um mês para o conflito completar dois anos.

Canhão francês Cesar desfila na comemoração da Queda da Bastilha, em 14 de julho de 2013, em Paris. França prometeu 72 unidades para Kiev.
Canhão francês Cesar desfila na comemoração da Queda da Bastilha, em 14 de julho de 2013, em Paris. França prometeu 72 unidades para Kiev. © Wikimedia Commons
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“A escassez de munições é um problema muito real e importante que as nossas forças armadas enfrentam atualmente”, lamentou o ministro da Defesa ucraniano, Roustem Oumerov, no X (ex-Twitter), por ocasião do lançamento de uma “coligação de artilharia” liderada pela França e os Estados Unidos. “Devemos fortalecer as capacidades de defesa da Ucrânia para proteger o mundo livre contra o perigo russo”, disse ele.

A “coligação de artilharia” integra o grupo de contato para a defesa da Ucrânia, conhecido como grupo Ramstein, que reúne mais de 50 países em vários subgrupos, desde a desminagem até a defesa aérea.

“O presidente Volodymyr Zelensky não para de nos lembrar que a ajuda precisa ser concreta, e ele tem razão. A artilharia hoje é extremamente importante e é bom que seja a França que assuma a direção desse grupo de trabalho”, disse à RFI o general Olivier Kempf, diretor da consultoria La Vigie e pesquisador associado da Fundação pela Pesquisa Estratégica.

“Desde o fracasso da contraofensiva ucraniana, o front está totalmente estável, ou seja, o problema dos ucranianos em 2024 vai ser manter [as suas posições]. Numa guerra estática como essa, as trocas de artilharia contam muito. Por isso que os canhões de artilharia são a arma de guerra atualmente, as rédeas da batalha”, complementou o general, autor de “Guerra da Ucrânia”, publicado pela editora Economica.

Financiamento de armamentos

A França propôs, na reunião desta manhã, "liberar uma quantia de € 50 milhões" para "comprar 12 canhões Cesar adicionais" – o que elevaria o número de máquinas cedidas para a Ucrânia para 67 – e anunciou que tinha capacidade para produzir mais 60, mas caberá aos aliados financiá-los.

“Liguei para Emmanuel Macron para agradecer à França por lançar a coalizão de artilharia para a Ucrânia e por se comprometer a produzir dezenas de Césares”, declarou Zelensky, na rede social.

Os dois líderes também discutiram “a necessidade de reforçar ainda mais a defesa aérea da Ucrânia”, alvo quase todas as noites de drones e mísseis lançados por Moscou, acrescentou Zelensky. Kiev já destacou 49 Césares, produzidos pela Nexter (grupo franco-alemão KNDS), e outros seis serão entregues “nas próximas semanas”, segundo o Ministério das Forças Armadas francês.

Restariam 60 para financiar, num valor de cerca de € 250 milhões, “uma quantia que me parece acessível aos vários orçamentos dos aliados”, disse  o ministro francês das Forças Armadas, Sébastien Lecornu, aos representantes dos 23 países que apoiam a defesa da Ucrânia.

Falta de munições

“Ou fornecemos materiais velhos que não utilizamos mais, como fizemos no começo da guerra e de 2023, ou vamos precisar oferecer um pouco do nosso material novo, porque os ucranianos não têm muitos recursos para comprar”, salientou o general Kempf, em entrevista à RFI.

"É importante haver uma coordenação de quem pode fornecer o quê, inclusive porque é preciso prever prazos para a produção dos equipamentos, e esses prazos precisam ser reduzidos”, afirmou. “O aspecto industrial é crucial: por trás de promessas, é preciso confirmar as encomendas e estimular os industriais para aumentarem as suas linhas de produção”, destacou.

A Dinamarca também forneceu 19 exemplares de uma versão blindada de canhão de oito rodas. Para armar os equipamentos, a União Europeia estabeleceu o objetivo de fornecer à Ucrânia um milhão de munições até a primavera de 2024. Mas apenas 300 mil munições foram entregues até hoje, segundo um relatório elaborado por parlamentares europeus.

Os ucranianos disparam entre 5 mil e 8 mil projéteis diariamente – contra de 10 mil a 15 mil do lado russo, sublinhou Cédric Perrin, presidente da Comissão das Relações Exteriores do Senado francês. Para ele, “a produção nacional e europeia é extremamente baixa e não corresponde às expectativas ucranianas".

"Estamos no processo de recuperar os estoques de pólvora. Estamos reciclando pólvora em munições que não foram usadas", disse o ministro Lecornu nesta quinta-feira.

O ministro anunciou ainda a entrega de cerca de 50 kits de orientação ar-terra A2SM por mês a partir de janeiro, ao longo do ano. De médio alcance, eles poderão se adaptar a aeronaves de “classe soviética”, como Migs e Sukhoi, que a Ucrânia utiliza.

França nega ter mercenários na Ucrânia

Também nesta quinta, a França afirmou que "não tem nenhum 'mercenário'" na Ucrânia, em reação às declarações de Moscou de atacou um prédio que abrigava "mercenários franceses" em Kharkiv (nordeste), na terça-feira.

"A França não tem 'mercenários', nem na Ucrânia nem em outros lugares, ao contrário de outros. Esta é uma nova e grosseira manipulação russa. Não devemos dar-lhe mais importância do que as anteriores e a das seguintes que não deixarão de chegar", ressaltou o Ministério das Relações Exteriores francês.

As acusações russas surgiram depois de o presidente Emmanuel Macron ter anunciado, na terça-feira, que a França entregaria 40 mísseis Scalp adicionais de longo alcance a Kiev e assinaria um acordo de segurança com a Ucrânia. Macron disse que visitaria o país em fevereiro, pela segunda vez desde o início da guerra, em fevereiro de 2022.

Com informações da AFP

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