Naufrágio de embarcação clandestina no Canal da Mancha provoca morte de um migrante

Um migrante morreu e outro ficou gravemente ferido na sexta-feira (15), durante duas tentativas distintas de cruzar o Canal da Mancha da França para a Inglaterra a bordo de barcos improvisados, no mesmo dia em que o ministro do Interior francês é esperado na região para tratar do tema da imigração clandestina.

Um migrante espera para ser contrabandeado para a Grã-Bretanha na praia de Gravelines, norte da França, em 29 de agosto de 2023. Ao longo dos cerca de 130 km de litoral entre Dunquerque e a Baía do Somme, e até mesmo na Normandia, as autoridades estão vasculhando a terra e o céu para tentar impedir que as pessoas se dirijam à costa inglesa. AFP - SAMEER AL-DOUMY

O balanço do primeiro naufrágio, ocorrido ao largo da costa de Gravelines (Norte) durante a noite de quinta para sexta-feira, é de "66 náufragos, incluindo um morto", indicou a prefeitura marítima do Canal da Mancha e do Mar do Norte (Prémar) em um comunicado à imprensa.

Segundo ela, é a nona morte no mar na zona desde o início do ano “ligada ao fenômeno migratório”.

“Potencialmente” outras duas pessoas estão “desaparecidas”, disse ela à AFP, acrescentando que as buscas continuam por meios aéreos e marítimos.

Outra vítima do naufrágio, transportada de helicóptero para o hospital de Calais em “emergência absoluta”, passou para “estado de emergência relativa”, disse à AFP uma fonte próxima do assunto.

Uma pessoa também ficou gravemente ferida durante outra tentativa de travessia ao largo de Sangatte na manhã de sexta-feira, informou também a prefeitura de Pas-de-Calais à AFP, sem mais detalhes.

Esses naufrágios ocorrem pouco antes da visita a Calais de Gérald Darmanin, que se reunirá com a polícia envolvida na luta contra a imigração irregular.

O ministro do Interior, que esta semana viu a Assembleia Nacional rejeitar o seu projeto de lei sobre a imigração, é esperado em particular na esquadra da polícia e no quartel da gendarmaria de Calais.

Barco vazio

Segundo Prémar, o centro operacional regional de vigilância e salvamento marítimo (Cross) foi informado no começo da madrugada “que um barco de migrantes” estava em dificuldade “a menos de oito quilômetros da costa de Grand Fort”, perto de Gravelines, com cerca de sessenta pessoas a bordo.

A Cruz contratou então uma embarcação de resgate para resgatar os náufragos, chegando ao local “às 00h30”. A tripulação informou ao Cruzeiro que um dos tubos do barco estava “esvaziado” e que havia pessoas “na água”.

Todos os náufragos resgatados foram “desembarcados e atendidos no porto de Calais”.

As duas últimas mortes de migrantes no Canal da Mancha datam de 22 de novembro, quando um homem e uma mulher na casa dos trinta anos morreram no naufrágio do seu barco, que virou pouco depois de sair de uma praia costeira.

Poucos dias depois, um homem foi encontrado morto numa praia em Pas-de-Calais. Verificações estão sendo realizadas para determinar se esta é uma terceira vítima deste acidente.

Em 12 de agosto, seis afegãos com idades entre 21 e 34 anos morreram num naufrágio, o mais mortal no Estreito de Pas-de-Calais desde 24 de novembro de 2021: pelo menos 27 migrantes morreram naquele dia.

Desde a década de 1990 e após o encerramento, em 2002, de um centro da Cruz Vermelha em Sangatte, centenas de exilados viveram em tendas e abrigos improvisados ​​em Calais ou Dunquerque para tentar chegar a Inglaterra, escondidos em caminhões ou de barco.

Cerca de 29 mil migrantes conseguiram atravessar o Canal da Mancha em pequenos barcos desde o início do ano, em comparação com 44 mil no ano passado na mesma data, informou a prefeitura do Norte em 4 de dezembro.