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Espanha: Pedro Sánchez é reeleito para o cargo de primeiro-ministro

O Congresso dos deputados em Madri reconduziu, nesta quinta-feira (16), o premiê espanhol Pedro Sánchez (PSOE) para um novo mandato à frente do país. A candidatura do socialista defendia uma proposta de lei de anistia aos independentistas, conforme um acordo firmado com os separatistas catalães, uma questão que divide o país.

O primeiro-ministro da Espanha, Pedro Sánchez.
O primeiro-ministro da Espanha, Pedro Sánchez. REUTERS - SUSANA VERA
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Sánchez obteve o apoio para a sua posse de uma maioria absoluta de 179 dos 350 deputados. O apoio dos sete deputados ligados ao separatista catalão Carles Puigdemont, graças ao polêmico acordo de anistia aos independentistas, foi fundamental para que o socialista permanecesse no cargo por mais quatro anos.

Durante todo o processo de negociação de Sánchez com partidos minoritários, a fim de conquistar mais da metade do Congresso, o cenário político espanhol se mostrou bastante instável. Tanto no Parlamento como nas ruas, onde estão acontecendo diversos protestos.

O segundo dia de debates começou com a fala da representante do partido basco Euskal Herria Bildu (EH Bildu), Mertxe Aizpurua. Ela confirmou o apoio a Sánchez e declarou: “somos nós, os independentistas e soberanistas, que impedimos hoje que o bloco reacionário chegue ao poder”. Aizpurua também ressaltou que a próxima legislatura, que “começa hoje”, será extremamente complexa e exigirá “alta política”.

Na véspera, em tom conciliador, Sánchez havia dito que era necessário alcançar consensos, porque “para isso serve a democracia, para tecer acordos entre diferentes e superar as diferenças”. 

Aitor Esteban, porta-voz do Partido Nacionalista Basco (PNV), também interveio nesta manhã. Ele elogiou a “valentia” contida no acordo de anistia para os independentistas e criticou as manifestações que estão sendo realizadas como uma tentativa de impedir a aprovação da lei e a investidura de Pedro Sánchez.

Também discursaram nesta manhã os porta-vozes do grupo misto, integrado por Coalizão Canária (CC), Bloco Nacionalista Galego (BNG) e União do Povo Navarro (UPN). O porta-voz do Partido Socialista Operário Espanhol encerrou o debate, e os deputados procederam à votação.

Vitória inesperada

Após o desastre da esquerda nas eleições locais de 28 de maio, Pedro Sánchez era considerado morto politicamente por inúmeras pesquisas. Aos 51 anos, ele é um dos raros socialistas atualmente à frente de um governo europeu, cargo que ocupa desde junho de 2018.

Ele chegou atrás do seu rival conservador, Alberto Núñez Feijóo, nas eleições legislativas de 23 de julho e desde então intensificou as negociações para formar uma maioria, após o fracasso do líder da direita em ser investido como o Primeiro-ministro.

Sánchez conseguiu reunir o apoio da extrema esquerda, com quem governou durante três anos, além dos partidos independentistas, incluindo a formação do líder separatista catalão Carles Puigdemont. O acordo foi obtido graças a uma lei de anistia para os separatistas envolvidos na tentativa de secessão da Catalunha, em 2017. 

Trajetória política

Nascido a 29 de fevereiro de 1972 em Madrid, filho de uma funcionária pública e de um empresário, o economista assumiu as rédeas do PSOE em 2014. Relativamente novo e pouco conhecido, Sánchez se posicionava como um “ativista de base”. Mas esta primeira experiência terminou em fracasso, com o partido registrando os piores resultados eleitorais da sua história.

Apenas seis meses depois, quando muitos anunciavam o fim da sua carreira política, Pedro Sánchez conseguiu reconquistar a liderança do PSOE, assumindo o poder na Espanha em junho de 2018, após conseguir reunir toda a esquerda e os partidos basco e catalão em torno da sua moção de censura, derrubando o primeiro-ministro conservador Mariano Rajoy, então envolvido em um escândalo de corrupção.

À frente de uma maioria instável, Sánchez foi forçado a convocar duas eleições legislativas consecutivas em 2019, que ele venceu. No início de 2020, teve de aceitar "um casamento de conveniência" com o Podemos (esquerda radical) para permanecer no poder.

Governando com minoria, em cinco anos Sánchez conseguiu reformar o mercado de trabalho e as aposentadorias, aumentar o salário mínimo em 50% e introduzir uma lei que reabilita a memória das vítimas da Guerra Civil (1936-1939) e da ditadura de Franco (1939-1975).

Para Paloma Roman, cientista política da Universidade Complutense de Madrid, Pedro Sánchez “conseguiu” vencer a sua aposta, mas o seu novo mandato será “muito complicado”.

(Com informações da RFI e da AFP)

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