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Catar é suspeito de financiar corrupção no Parlamento Europeu

Quatro pessoas, incluindo um ex-deputado italiano, foram presas nesta sexta-feira (9) em Bruxelas, como parte de uma investigação aberta neste verão por um juiz financeiro belga por suspeita de corrupção do Catar no Parlamento Europeu.

Plenário do Parlamento Europeu, em Bruxelas.
Plenário do Parlamento Europeu, em Bruxelas. AFP - VALERIA MONGELLI
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A procuradoria federal belga anunciou estas detenções sem identificar os supostos envolvidos, suas nacionalidades, nem indicar o país sobre o qual pesam estas suspeitas de corrupção no seio de uma das principais instituições da UE.

Mas uma fonte familiarizada com o assunto confirmou à AFP que o alvo é o Catar, enquanto os detidos são italianos ou de origem italiana.

No cerne da investigação, conduzida por um juiz de instrução de Bruxelas, estão as ações deste país do Golfo suspeito de "influenciar as decisões econômicas e políticas do Parlamento Europeu, pagando somas substanciais ou oferecendo presentes importantes", sublinhou o Gabinete do procurador.

Personalidades estratégicas

Quanto aos beneficiários, são personalidades com “uma posição política e/ou estratégica significativa” no Parlamento.

A investigação visa, entre outras coisas, atos de "corrupção" e "lavagem de dinheiro" organizadas, especifica ainda um comunicado de imprensa da promotoria.

De acordo com o jornal francófono Le Soir e o semanário belga Knack, que investigaram em conjunto, o suposto ex-deputado é o socialista italiano Pier-Antonio Panzeri, que fez parte da assembleia de 2004 a 2019.

Este homem de 67 anos, agora chefe de uma associação de luta contra as violações dos direitos humanos (chamada Fight Impunity), foi detido em Bruxelas ao mesmo tempo que outros três suspeitos.

Questionada pela AFP, a associação não respondeu de imediato.

Segundo o Ministério Público Federal, a operação policial deu origem a um total de 16 buscas em vários municípios da capital belga, sede do Parlamento Europeu.

Meio milhão de euros em dinheiro

Durante a operação, a polícia deteve "cerca de € 600 mil em dinheiro vivo", bem como "equipamentos informáticos e celulares" cujo conteúdo vai ser analisado.

“Esta operação visou em particular os assistentes parlamentares que trabalham no Parlamento Europeu”, prosseguiu a procuradoria federal, competente na Bélgica em casos de terrorismo e crime organizado.

Os presentes ou benefícios oferecidos podem estar ligados ao desejo do Catar de melhorar sua reputação difamada de direitos humanos e tratamento dos trabalhadores.

Segundo informações de Le Soir e Knack, o secretário-geral da Confederação Sindical Internacional (CSI ou Ituc em inglês), o italiano Luca Visentini está entre os detidos, juntamente com Panzeri, um assistente parlamentar e um diretor da ONG.

Em uma mensagem muito sucinta em seu site, o CSI disse estar "ciente das informações que circulam na imprensa", mas se recusou a comentar "neste momento".

Luca Visentini voltou a falar esta semana da situação dos trabalhadores no Qatar, numa entrevista transmitida na sexta-feira pela AFP. Em particular, ele pediu "continuar pressionando as autoridades e os empregadores" por melhores salários e mais mobilidade trabalhista.

Trabalhadores migrantes

O Catar, país anfitrião da Copa do Mundo de 2022, que termina em dez dias, foi acusado por ONGs de negligenciar as condições de trabalho e de vida de suas centenas de milhares de trabalhadores migrantes da Ásia e da África.

Em resposta, Doha apresentou reformas sem precedentes no código trabalhista, bem recebidas pelos sindicatos, que, no entanto, pedem uma aplicação mais rigorosa.

Além disso, a Justiça francesa investiga há três anos suspeitas de corrupção durante um almoço franco-catariano no Palácio do Eliseu no final de 2010 que teria influenciado a atribuição do Mundial-2022 ao Catar.

(Com informações da AFP)

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