Manifestação de caminhoneiros canadenses contra vacina se espalha pela Europa
Eles se autointitulam o "comboio da liberdade". O movimento contra a vacina anticovid, mas também contrário a todas as medidas sanitárias contra a Covid-19, contamina agora manifestantes na França, Bélgica e Holanda. No território francês, os primeiros manifestantes partiram na manhã desta quarta-feira (9) de várias regiões em direção a Paris, seu ponto de encontro, no sábado (12).
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A reportagem no site de Franceinfo sugere que "nunca a bandeira canadense viajou tanto", tendo se tornado "um símbolo no universo dos manifestantes contra as medidas sanitárias."
Duas semanas depois de chegar às ruas da capital Ottawa, o "comboio da liberdade" já causa estragos em outras partes do mundo, especialmente no bloco europeu, mas também na Nova Zelândia, onde os protestos cercam o Parlamento, em Wellington.
Segundo informações da rádio francesa, manifestantes de toda a França se reúnem em Paris no sábado (12). A Franceinfo faz um balanço do movimento, inicialmente formado por caminhoneiros, mas que está se espalhando por todas as camadas sociais, em diferentes lugares do planeta.
Tudo começou em Ottawa, contra vacina obrigatoria para caminhoneiros
No Canadá, os caminhões circulam em volta do Parlamento, em Ottawa, desde o dia 29 de janeiro. A área central da capital canadense está paralisada há mais de uma semana. O distrito é ocupado por centenas de caminhoneiros de todo o país. Alguns partiram em 22 de janeiro da Colúmbia Britânica, ou seja, percorreram 4.300 quilômetros em uma semana.
Inicialmente, o "comboio da liberdade", como o movimento se autodenomina, foi lançado para protestar contra a decisão de obrigar os caminhoneiros a se vacinar ao cruzar a fronteira com os Estados Unidos. Mas outros manifestantes se juntaram ao protesto desde então. Diante de uma situação que considera “fora de controle”, o prefeito de Ottawa acabou por declarar estado de emergência na cidade.
Os protestos se espalharam para outras grandes cidades do país, como Toronto, Vancouver, Winnipeg, e Quebec. Além disso, a Ambassador Bridge, rota comercial vital entre os vizinhos norte-americanos, que liga a província de Ontário a Detroit, nos Estados Unidos, também está bloqueada por manifestantes.
🇺🇸 🇨🇦 Frontière canado-américaine bloquée par des camionneurs canadiens après le pont Ambassador. Plus de 25 % de tous les échanges de marchandises passent par cette route entre les États-Unis et le Canada.https://t.co/c6hvjGs9NX pic.twitter.com/jtuyvYtqnK
— Flo (91) 🪀🪀🪀🪀🪀Code vert (@Flobga) February 8, 2022
Na França, o grande encontro acontece no sábado
Muitas páginas ou grupos do Facebook dedicados à organização do comboio surgiram na França desde o final de janeiro. O maior, intitulado "Le convoi de la liberté", reunia cerca de 300.000 membros na manhã desta quarta-feira (9). Outras páginas "dissidentes", às vezes regionalizadas, também existem. Nas redes sociais, os internautas trocam inúmeros mapas de rotas.
Ao contrário do movimento atual em Ottawa (Canadá) ou mesmo em Wellington (Nova Zelândia), onde centenas de caminhões estão cercando prédios oficiais, a versão francesa tem como alvo a capital, mas sem um local específico no momento e os caminhoneiros são minoritários .
Na Bélgica, uma "convergência europeia"
"Depois de Paris, Bruxelas?", pergunta Franceinfo. De qualquer forma, "quem desejar" pode se juntar aos belgas para uma "convergência europeia" marcada para o dia 14 de fevereiro. Segundo publicações do movimento, os comboios podem sair da Áustria, Hungria, Portugal, Holanda, Itália ou mesmo da Croácia.
As autoridades belgas continuam vigilantes. "Sabemos que há uma convocação em todas as capitais europeias para ir a Bruxelas no domingo à noite para formar um comboio, disse um porta-voz da polícia belga.
Na Holanda e na Alemanha, comboios espaçados
Na Holanda, os comboios devem passar longe de Amsterdã, em cidades como Noord-Holland, Flevoland, Limburg, Overijssel ou Leeuwarden. O canal de TV e rádio Omrop Fryslâan (em holandês) informou no domingo (30) que cerca de 25 caminhões, dezenas de carros e vários tratores se reuniram em Leeuwarden. O sindicato do setor, Transport and Logistics Netherlands (TLN), garante que "não está envolvido".
Nenhuma ação importante foi notada até o momento nas ruas de Berlim, mas comboios estão sendo preparados em outras partes do país. Por exemplo, em Schwerin, onde, segundo o Schweriner Volkszeitung, "canais do Telegram pedem um 'comboio da liberdade'" em direção à capital alemã nos próximos dias.
Já no Reino Unido, o movimento UK Freedom Convoy montou suas barracas em Westminster na segunda-feira (7), segundo o canal Britain New's Channel.
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