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Covid-19: Canadá descarta uso do exército para retirar manifestantes contra a vacinação

Opositores às medidas de restrição para conter a epidemia de Covid-19 voltaram a protestar no Canadá neste sábado (5).  O movimento dos caminhoneiros deu seguimento ao chamado comboio da liberdade.

Há vários dias, caminhoneiros bloqueiam vias da capital canadense Ottawa em protesto contra as restrições sanitárias.
Há vários dias, caminhoneiros bloqueiam vias da capital canadense Ottawa em protesto contra as restrições sanitárias. Dave Chan AFP
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O grupo protesta contra o passaporte vacinal obrigatório para passar a fronteira com os Estados Unidos. Os motoristas estacionaram seus veículos pesados no entorno do parlamento, em Otawa.

"É como o apogeu e a culminação de múltiplas frustrações que encontraram um foco. O movimento de caminhoneiros é como se fosse várias bombas prestes a explodirem", afirmou à RFI uma moradora da capital que se preocupa com o potencial explosivo da manifestação.

Apesar da exasperação da população de Ottawa, o governo descartou a possibilidade de enviar o exército para desalojar os manifestantes. Para a mobilização do fim de semana, porém, 150 policiais adicionais foram mobilizados nas ruas da capital.

O protesto deste sábado faz parte de um movimento de caminhoneiros que começou no oeste do país e se transformou em uma ocupação de Ottawa: por oito dias, as ruas em frente ao parlamento e do gabinete do primeiro-ministro canadense, Justin Trudeau, foram ocupadas por dezenas de caminhões e manifestantes.

Na manhã deste sábado, os manifestantes se reuniam ao redor de fogueiras, agitando bandeiras canadenses e cartazes contra o governo, em um ambiente mais festivo do que na semana passada, quando bandeiras nazistas foram exibidas.

Alguns participantes montaram abrigos improvisados, pois as temperaturas podem cair para -30°C nessa época do ano, e prometeram não se retirar até que as restrições sejam levantadas. Cerca de 2.000 pessoas se juntaram aos caminhoneiros já presentes nas ruas de Ottawa, de acordo com as autoridades de segurança.  

Na sexta-feira (4), pela primeira vez, a polícia endureceu o tom em relação aos manifestantes, prometendo "acabar com a manifestação ilegal e um perigo inaceitável", afirmou o comandante Peter Sloly, sem citar um calendário preciso.

O primeiro-ministro da província de Ontário, Doug Ford, pediu novamente aos manifestantes que deixassem Ottawa, denunciando uma situação "inaceitável". Uma petição nesse sentido reunia, até a tarde de sexta-feira, quase 40.000 assinaturas.

Até o momento, contudo, nenhum recurso reverteu a determinação dos manifestantes. "Vamos enfrentá-los pelo tempo que for necessário para nos livrarmos das restrições", disse Jim Torma, um dos coordenadores do protesto.

“A questão não é a vacina, é a nossa liberdade”, explicou Kimberly Ball, que viajou cinco horas para participar da manifestação ao lado do marido. "É muito, muito difícil. (...) Algumas pessoas que conhecemos, amigos, perderam o emprego por causa dessas obrigações de vacinação”, lamentou

O movimento tem o apoio do bilionário Elon Musk e do ex-presidente dos EUA, Donald Trump.

Outros protestos

Protestos semelhantes estavam planejados para este sábado no sul de Alberta (oeste do país) e nas cidades de Winnipeg (região central), Toronto e Quebec.

A polícia metropolitana de Toronto fechou algumas estradas do centro da cidade, na sexta-feira, em um esforço para minimizar as interrupções de vias que poderiam afetar o acesso a serviços de emergência e hospitais. O prefeito da cidade, John Tory, disse que esperava um protesto "respeitoso e pacífico". "Todos nós queremos fazer tudo o que pudermos para evitar a situação de Ottawa", acrescentou.

As autoridades canadenses investigam, agora, aqueles que "financiam e permitem essa manifestação ilegal e prejudicial", disse o chefe de polícia de Ottawa. Uma campanha de crowdfunding arrecadou mais de US$ 10 milhões para os manifestantes. Porém, a plataforma GoFundMe retirou a campanha do ar por não respeitar as suas condições de uso, indicando que os fundos restantes seriam redistribuídos para instituições de caridade.

Mesmo que a mobilização dos caminhoneiros seja apoiada apenas por uma minoria de canadenses (32% segundo pesquisa recente), isso ainda representa um segmento da população maior do que os não vacinados do país, que correspondem a 10% dos adultos.

As medidas sanitárias estabelecidas por algumas províncias do Canadá continuam muito restritivas, entre as mais duras do ocidente. A província de Quebec é uma das regiões do mundo que mais impôs dias de confinamento à sua população.

 

(Com informações da AFP)

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