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G20 alcança acordo tímido sobre o clima, mas premiê italiano se diz "orgulhoso"

Os líderes do G20 - responsáveis por 80% das emissões de gases poluentes - anunciaram neste domingo (31), em Roma, um acordo pouco convincente sobre suas ambições climáticas. No entanto, no discurso de encerramento, o primeiro-ministro italiano, Mario Draghi, afirmou estar "orgulhoso com os resultados". 

O primeiro-ministro italiano, Mario Draghi, após o discurso de encerramento da cúpula do G20, em Roma, neste domingo (31).
O primeiro-ministro italiano, Mario Draghi, após o discurso de encerramento da cúpula do G20, em Roma, neste domingo (31). AP - Andrew Medichini
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No mesmo dia em que se inicia a 26a Conferência do Clima, chefes de Estado e de governo das 20 nações mais desenvolvidas do mundo se comprometeram a limitar o aquecimento global a 1,5ºC em relação à era pré-industrial. No texto, também afirmam que deixarão de financiar a construção de novas usinas a carvão no exterior, sem especificar quaisquer medidas em nível nacional. 

No entanto, os líderes não definiram uma data precisa para a neutralidade de carbono. O acordo menciona o limite de "até meados do século", formulação mais ampla que a data de 2050 proposta pela Itália. Por outro lado, a linguagem usada na declaração final é "mais forte" do que no Acordo de Paris de 2015, afirmam fontes que participaram das negociações. 

Para a presidência francesa, a determinação da "metade do século" para a neutralidade do carbono é "muito significativa, considerando a diversidade dos países participantes do G20". A China, por exemplo, que emite mais de um quarto dos gases de efeito estufa, sugere 2060 como o ano limite.

As 20 nações mais poderosas do mundo, incluindo México, Brasil e Argentina, também reafirmaram o compromisso, até agora não cumprido, de mobilizar US$ 100 bilhões para os custos de adaptação às mudanças climáticas nos países em desenvolvimento.

A pressão sobre os líderes do G20 reunidos em Roma desde sábado (30), em sua primeira cúpula presencial desde 2019, foi forte. Do secretário-geral da ONU, Antonio Guterres, ao papa Francisco, os apelos por medidas ambiciosas se multiplicaram até o último minuto. No entanto, o texto foi extremamente criticado por ambientalistas. 

"Se o G20 era um ensaio geral para a COP26, os líderes mundiais se equivocaram", declarou a diretora-geral do Greenpeace, Jennifer Morgan, para quem os líderes "não estiveram à altura do desafio". "Não passam de medidas obscuras em vez de ações concretas", comentou Friederike Röder, da Global Citizen.

"Apenas o começo"

Apesar das críticas, o primeiro-ministro italiano, Mario Draghi, comemorou os anúncios da cúpula do G20 contra as mudanças climáticas, afirmando que o compromisso alcançado "é apenas o começo". "Nos engajamos a conservar o objetivo de 1,5°C", declarou em seu discurso de encerramento. "Estamos orgulhosos com esses resultados, mas devemos ter em mente de que esse é apenas o começo", reiterou. 

"Decidimos virar a página do carvão, começando pelo engajamento de eliminar todo o financiamento internacional [das centrais elétricas movidas à carvão]", disse. "Além disso, todos os países do G20 se engajaram em ter zero emissão até a metade do século", completou. 

Boa parte dos dirigentes que participaram do evento em Roma viajam ainda neste domingo a Glasgow para a COP26, que será realizada até 12 de novembro. Na abertura da conferência, o presidente do evento e ministro britânico Alok Sharma afirmou que essa é a "última e melhor oportunidade para cumprir o objetivo de + 1,5ºC".

A agenda das conferências ministeriais tem quatro grandes temas e é tão complexa que as negociações já tiveram início neste domingo, sem esperar pelos grandes discursos dos cerca de 130 chefes de Estado e de governo, marcados para segunda (1°) e terça-feira (2).

Na abertura do evento, a Organização Meteorológica Mundial (OMM) alertou em relatório que os últimos sete anos serão provavelmente os mais quentes já registrados e advertiu que o clima está entrando em "território desconhecido".

(Com informações da AFP

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