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Radar econômico

Novo ministério francês tem missão de barrar a desindustrialização

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O novo primeiro-ministro francês, Jean-Marc Ayrault, nomeou na semana passada um governo com 34 ministérios, entre os quais três são inéditos. É o caso do nova pasta da Reforma Produtiva, que substitui a da Indústria e coloca a retomada do crescimento econômico em primeiro plano no mandato do presidente François Hollande.

O novo ministro Arnaud Montebourg é conhecido por ser contra a globalização.
O novo ministro Arnaud Montebourg é conhecido por ser contra a globalização. REUTERS/Regis Duvignau
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Em tempos de grave crise econômica e a França tendo a obrigação de voltar a crescer se não quiser ser o próximo foco das turbulências que afetaram economias fortes como a Espanha, a ideia é dar um basta à fuga das empresas do território francês: em 10 anos, 750 mil empregos industriais foram destruídos no país e 900 usinas tiveram as portas fechadas, conforme dados oficiais.

O economista Thomas Coutrot, vice-presidente da organização Attac, uma associação que prega a aplicação de taxas sobre o mercado financeiro, vê com bons olhos a criação do ministério, mas teme pela margem de manobra reduzida da pasta em um período de contenção de despesas. Outro fator que preocupa Coutrot é o nome escolhido para ocupar o ministério. Arnaud Montebourg é um advogado socialista com pouca experiência governamental.

Além disso, Montebourg é conhecido pelas posturas antiglobalização, posição que levanta a hipótese de que ele adote políticas protecionistas em um momento delicado em que a zona do euro já corre perigo, como alerta o economista Marc Ivaldi, especialista em política industrial da Escola de Economia de Toulouse. "Acho que essa não é a melhor forma de vender a França, colocar um ministro antiglobalização para cuidar da reindustrialização", disse. "Fechar as fronteiras não será uma solução porque o que acontece é as empresas francesas estão indo para países onde os custos são baixos. Ou seja, o maior problema é de custo de trabalho na Europa, e sobretudo na França. Na minha opinião, essa é a principal razão da desindustrialização e da perdas de empregos na França nos últimos anos."

Marc Ivaldi considera que a França também deveria investir na flexibilização do mercado e na pesquisa e inovação de produtos, áreas que ultrapassam os domínios do novo ministério da Reforma Produtiva. O especialista em política industrial ainda destacou que a participação das empresas privadas na pesquisa são uma saída para ampliar a produção, e sugeriu que o novo ministro francês invista as energias em promover a cooperação entre pequenas, médias e grandes empresas, o que segundo Ivaldi, vai dinamizar a indústria francesa.

 

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