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Terremoto no Marrocos: moradores de bairro tradicional de Marrakesh continuam desabrigados

O número de mortos no terremoto que atingiu o Marrocos e destruiu a localidade de Al Haouz, nas montanhas do Atlas, chega a quase 3.000, além de mais de 5.000 feridos. A cidade de Marrakech também foi afetada, mas em menor grau, com 18 mortes e muitas casas destruídas, principalmente na medina, parte histórica da cidade. No Mellah, antigo bairro judeu que possui muitas construções tradicionais, dezenas de famílias estão desabrigadas e continuam a dormir na rua.

Moradores desabrigados do bairro de Mellah, em Marrakech, preferem dormir em uma praça, apesar do município ter oferecido um estádio como centro de acolhimento.
Moradores desabrigados do bairro de Mellah, em Marrakech, preferem dormir em uma praça, apesar do município ter oferecido um estádio como centro de acolhimento. © David Baché / RFI
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David Baché, enviado especial da RFI ao Marrocos

Os moradores do bairro do Mellah dormem no meio de uma grande praça, rodeada de bonitos restaurantes e atravessada diariamente por milhares de pessoas. 

Bouchra e Rachida não podem mais voltar para casa. O prédio onde moravam, muito danificado, ameaça desabar. Bouchra está na praça com o marido e os filhos. Rachida, bem idosa, está sozinha. “Estamos aqui há uma semana, nossas coisas, em casa", diz. 

O município abriu um acampamento no estádio 20 de Agosto e, mesmo assim, os moradores preferem ficar na praça. “Queremos ficar aqui perto porque temos todas as nossas coisas em casa, a geladeira, tudo. Não podemos fugir”, disse um deles.  “Dormi aqui no chão. Não, não no estádio. Aqui, perto de casa, tem muitos ladrões", afirma outro. 

Plano de reconstrução

Alguns residentes locais trazem comida e água para os que estão desabrigados. Outros, como Fouad, não escondem o descontentamento por vê-los permanecer na rua, embora existam soluções de acolhimento. 

“Vejo isso de uma forma muito negativa. Eles ficam felizes com as coisas que lhes damos, depois revendem nas lojas, água e tudo mais. Essa é a única razão pela qual eles não querem ir embora", afirma.

"Há também o problema de eles terem medo de que, se saírem e suas residências forem reconstruídas, os proprietários não os realojem. Mas o Estado prometeu que sim", insiste. 

As autoridades marroquinas já trabalham em um plano para reconstruir residências destruídas. Mas, obviamente, isso levará tempo.

A questão do futuro econômico do país preocupa. A queda no número de turistas em Marrakech começa a pesar.  

De acordo com guias turísticos de Marrakech, entrevistados pelo site da FranceInfo, alguns hotéis tradicionais do centro histórico teriam perdido até 70% de suas reservas desde o terremoto. Normalmente, mais de dois milhões de pessoas visitam Marrakech todos os anos.

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