Reunião emergencial de africanos sobre violência no Congo esvazia agenda de Lula na Etiópia
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva teve a agenda esvaziada nesta sexta-feira (16) em Adis Abeba, no primeiro dia de viagem oficial à Etiópia. Uma série de encontros e eventos dos quais ele participaria durante a tarde, na capital etíope, acabaram cancelados – atrapalhados pela realização de uma reunião de emergência dos países africanos para abordar o aumento das tensões no leste da República Democrática do Congo.
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Lúcia Müzell, enviada especial da RFI Brasil a Adis Abeba
Lula planejava aproveitar a presença de líderes do continente na Etiópia para a 37ª Cúpula da União Africana para ter reuniões bilaterais com o presidente do Quênia, William Ruto, e o da Nigéria, Bola Tinubu. Também participaria de um evento do Banco Africano de Desenvolvimento e de uma conferência sobre financiamento climático, promovida pela FAO (Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura), pela Comissão da União Africana e o governo de Uganda, com oito chefes de Estado.
Mas, ao final do dia, nenhum dos encontros aconteceu. O Itamaraty alega que os presidentes africanos acabaram envolvidos na discussão convocada pelo presidente de Angola, José Lourenço, designado mediador entre Congo e Ruanda – acusada de financiar o grupo armado rebelde M23 na região congolesa de Kivu do Norte. Com a mudança de planos, os chefes de Estado cancelaram a presença nos eventos planejados, inclusive com Lula.
A expectativa da chancelaria brasileira é que pelo menos as reuniões bilaterais com Ruto e Tinubu possam acontecer durante a cúpula.
Visita de Estado à Etiópia
Esta noite, ao retornar ao hotel onde está hospedado, o petista dispensou comentários à imprensa. Lula está acompanhado de cinco ministros, em uma viagem que visa dar mais um passo na reaproximação do Brasil com a África e na cooperação entre o chamado Sul global – países em desenvolvimento e emergentes do hemisfério sul do globo.
O presidente almoçou com o primeiro-ministro etíope, Abiy Ahmed, em meio à programação da visita oficial ao país. "Tenho a honra de dar as boas-vindas oficiais ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Durante nossa conversa, abordamos diversas questões bilaterais e multilaterais, refletindo a profundidade de nossa relação", escreveu Ahmed no X.
"À medida em que a Etiópia se junta ao Brics, queremos uma colaboração reforçada com o Brasil, encarando nossa reunião como um passo fundamental para forjar uma parceria robusta", salientou o premiê etíope, ganhador do prêmio Nobel da Paz, em 2019.
Participação na Cúpula Africana
O ponto alto da viagem do presidente brasileiro em Adis Abeba acontece neste sábado (17) e domingo (18), quando participa da 37ª Cúpula da União Africana, cuja sede fica na cidade. A organização, composta por 54 países, agora integra o G20 – que reúne as 20 maiores economias do planeta e do qual o Brasil exerce este ano a presidência rotativa.
Estão previstas reuniões bilaterais com o primeiro-ministro da Autoridade Palestina, Mohammad Shtayyeh, e com o secretário-geral da ONU, António Guterres, no contexto da presidência brasileira do G20. Lula e Guterres devem abordar não apenas a guerra na Faixa de Gaza, mas também a crise climática, o combate à fome e o avanço de novas tecnologias, como a inteligência artificial.
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