Acessar o conteúdo principal

Enquanto corpos são encontrados sob escombros, Marrocos tenta acelerar reconstrução após terremoto

Uma semana depois do terremoto que matou pelo menos 2.946 pessoas no Marrocos e deixou mais de 15 mil pessoas desabrigadas, o país tenta se reerguer das ruínas.

Vilarejo de Imi N'Tala foi devastado pelo terremoto que atingiu o Marrocos há cinco dias. (14/09/2023)
Vilarejo de Imi N'Tala foi devastado pelo terremoto que atingiu o Marrocos há cinco dias. (14/09/2023) REUTERS - NACHO DOCE
Publicidade

Dos enviados especiais da RFI a Marrakech e Asni (Marrocos)

Como garantir o início do ano letivo com 500 escolas em ruínas? Como reconstruir milhares de casas arrasadas pelo terremoto? Estas são as questões que as autoridades e os arquitetos marroquinos se colocam hoje.

A partir da manhã de sábado (16), um mutirão de profissionais participará das inspeções de todos os edifícios, relata o correspondente da RFI no Marrocos, Seddik Khalfi. “Temos centenas de arquitetos voluntários”, explica Jawad el-Basri, presidente da Ordem dos Arquitetos de Marrakech.

A prioridade são as instalações comunitárias: as obras em escolas, mesquitas e clínicas devem ser iniciadas o mais rapidamente possível. “Só em Marrakech, há 86 escolas afetadas”, diz.

“A coordenação está funcionando. Todos os esforços foram concentrados e tentamos não nos dispersar”, observa.

Os arquitetos estão em campanha por um modelo integrado. Para eles, é impensável repetir os erros do passado. “Pedimos para o poder público trabalhar com urgência, mas não precipitadamente, para que haja um modelo arquitetônico urbanizado específico”, sublinha el-Basri.

Sem previsão de voltar para casa 

Quanto às casas, ainda não existe uma estimativa oficial do número de edifícios destruídos, mas o projeto é "colossal", admite Soufiane Abad, engenheiro civil do grupo Qualiconsult, empresa marroquina especializada em construção.

“Atualmente, as autoridades optaram, e penso que esta é a melhor opção, por categorizar os edifícios que sofreram grandes danos, e não deixar cidadãos e residentes entrarem nesses prédios. Apesar de estarem de pé, como não podemos ainda avaliar o nível de fissuração e o nível de impacto, preferimos manter os habitantes abrigados de um possível risco de desabamento”.

Os serviços de emergência ainda trabalham para encontrar corpos sob os escombros. Mas para chegar às aldeias mais remotas, é preciso ir pelas estradas – que também foram afetadas pelo terremoto, inclusive por deslizamentos de terra significativos, em alguns pontos.

Bouchaïb Safir, presidente da Associação Marroquina de Estradas, detalha o trabalho necessário para desobstruir os acessos. “Foi realizada uma impressionante mobilização de pessoal e máquinas”, descreve.

"As empresas de obras públicas em geral atenderam aos apelos da Associação Marroquina de Estradas, em coordenação com o Ministério de Obras Públicas e Sanitárias Águas. Equipes de trabalhadores qualificados também foram mobilizadas para coordenar todos estes esforços”, afirma. Desde o terremoto, “80% das estradas afetadas” foram reabertas, garante.

‘Não sabemos o que acontecerá no futuro'

No vilarejo de Asni, na província de Al Haouz – a cerca de 50 quilômetros de Marrakech –, o enviado especial David Baché encontrou uma cidade devastada. O exército e a proteção civil marroquina instalaram um grande acampamento para acomodar os residentes que perderam as suas casas.

Acampamento para desabrigados recebe moradores de Asni, a cerca de 50 quilômetros de Marrakech.
Acampamento para desabrigados recebe moradores de Asni, a cerca de 50 quilômetros de Marrakech. © David Baché/RFI

Várias dezenas de tendas foram rapidamente montadas nesta aldeia, situada no meio das montanhas. Um imponente hospital militar também foi erguido e até um trampolim para crianças.

Brahim Lemramri mora em Asni há cinco anos, com sua família. “Esta é a nossa tenda”, mostra. “Estamos em cerca de dez em cada tenda. Ainda precisamos de mais barracas. Estamos recebendo lençóis para dormir, comida, mas não podemos voltar para casa para pegar algumas coisas, porque as casas correm o risco de desabar”, relata.

Crianças tentam se divertir em acampamento montado para receber desabrigados da cidade de Asni, destruída pelo terremoto de 8 de setembro.
Crianças tentam se divertir em acampamento montado para receber desabrigados da cidade de Asni, destruída pelo terremoto de 8 de setembro. © David Baché/RFI

Depois do terror da emergência, as vítimas começam a levantar a cabeça, mas o horizonte é obstruído pelas montanhas do Alto Atlas e pelas incertezas, que causam angústia. O chefe de família demostra gratidão às autoridades, mas diz estar "muito preocupado" com o futuro.

“Esta região é fria, tem montanhas. Pode nevar, chover, e ainda não se sabe quando irão consertar as casas”, salienta. "Não temos informações. Até agora não falaram nada sobre quanto tempo vamos ficar aqui. Não sabemos o que acontecerá no futuro", afirma.

NewsletterReceba a newsletter diária RFI: noticiários, reportagens, entrevistas, análises, perfis, emissões, programas.

Acompanhe todas as notícias internacionais baixando o aplicativo da RFI

Compartilhar :
Página não encontrada

O conteúdo ao qual você tenta acessar não existe ou não está mais disponível.