Naufrágio mata mais de 90 pessoas que fugiam de surto de cólera em Moçambique

Pelo menos 98 pessoas morreram no domingo (7) após o naufrágio de um barco de pesca em Moçambique. A embarcação transportava 130 pessoas e as autoridades já informaram que há crianças entre as vítimas fatais. A maioria dos passageiros tentava fugir do continente devido ao pânico causado pela desinformação sobre um surto de cólera.

A embarcação saía do posto administrativo de Lunga com destino à Ilha de Moçambique. © Google Maps

Com informações de Orfeu Lisboa, correspondente da RFI em Maputo e agências

"Encontramos mais cinco (corpos) nas últimas horas, o que eleva o balanço a 96 mortos", afirmou nesta segunda-feira Silverio Nauaito, administrador da Ilha de Moçambique, na província de Nampula, onde aconteceu a tragédia. Logo depois, mais dois corpos foram resgatados, segundo a agência Lusa.

Os serviços de emergência continuam procurando sobreviventes. Em entrevista à RFI, Nauaito relatou que partes dos corpos de crianças, jovens e idosos já foram reclamados pelas famílias.

De acordo com o Secretário de Estado da Província de Nampula, Jaime Neto, a embarcação saía do posto administrativo de Lunga com destino à Ilha de Moçambique, quando naufragou, na madrugada de domingo. As autoridades locais suspeitam que a sobrelotação tenha sido o motivo do naufrágio. “O barco levava cerca de 130 pessoas, mas não tinha capacidade para tal”, informou Neto.

Segundo o Secretário de Estado, a maioria dos passageiros tentava fugir do continente devido ao pânico causado pela desinformação sobre um surto de cólera. Moçambique, um dos países mais pobres do mundo, registrou cerca de 15 mil casos e 32 mortes desde outubro devido à doença, transmitida pela água contaminada.

Nampula é uma das regiões mais afetadas pelo surto, com mais de um terço dos casos de cólera registrados. A província também acolheu nos últimos meses muitas pessoas fugindo dos ataques jihadistas na região vizinha de Cabo Delgado, no norte do país.