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Níger: 17 soldados são mortos antes de reunião militar crucial na África Ocidental

Um ataque de supostos jihadistas matou pelo menos 17 soldados no Níger antes de uma reunião militar crucial na África Ocidental prevista para quinta-feira (17), que deve discutir as modalidades de uma possível intervenção armada para restaurar a ordem constitucional no país após o golpe de Estado de 26 de julho.

Forças armadas do Níger lutam contra insurgências jihadistas no oeste e sudeste do país.
Forças armadas do Níger lutam contra insurgências jihadistas no oeste e sudeste do país. © PHILIPPE DESMAZES / AFP/File
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Enquanto continua sobre a mesa a opção de intervenção militar da Comunidade Econômica dos Estados da África Ocidental (Cedeao) para repor o presidente deposto Mohamed Bazoum em suas funções, o caminho do diálogo e da diplomacia com o regime militar no poder em Niamey parece, no entanto, segue sendo privilegiado.

Confrontado há muitos anos com a violência de grupos jihadistas, o Níger voltou a sofrer com esse tipo de violência no início da tarde de terça-feira (15), quando pelo menos 17 soldados nigerianos foram mortos e 20 feridos em um ataque perto da fronteira com Burkina Faso, no sudoeste do país.

Em um comunicado de imprensa publicado na terça-feira, a Cedeao se refere a "diversos ataques perpetrados por grupos armados" tendo "causado a morte de soldados nigerianos", sem precisar as datas.

A organização, que "condena veementemente" estes atentados, apela também ao regime militar de Niamey "para restaurar a ordem constitucional no Níger de modo a poder centrar sua atenção na segurança do país", que se encontra "ainda mais enfraquecida desde a tentativa de golpe", escreveu o grupo.

Ataque mais mortífero

O ataque de terça-feira é o mais mortífero desde o golpe de 26 de julho. Os militares que tomaram o poder, liderados pelo general Abdourahamane Tiani, alegaram principalmente "a deterioração da situação da segurança" para justificar o golpe.

Três semanas após a tomada do poder, a ameaça de uma intervenção militar da Cedeao ainda paira sobre Niamey. Na quinta e sexta-feira (18), os chefes de gabinete da África Ocidental se reunirão na cidade de Accra, capital de Gana, para discutir os detalhes da operação.

Mas os apelos por uma solução pacífica para esta crise se multiplicaram nos últimos dias, inclusive entre alguns parceiros ocidentais, como os Estados Unidos. “Continuamos focados na via diplomática para obter (...) o retorno à ordem constitucional, e creio que continua a haver margem para obter esse resultado pela via diplomática”, declarou terça-feira o chefe da diplomacia americana, Antony Blinken.

No início do dia, o chefe de Estado russo, Vladimir Putin, e o presidente do Mali, Assimi Goïta, também enfatizaram durante uma conversa por telefone "a importância de resolver a situação" no Níger "apenas por meios político-diplomáticos pacíficos". O novo regime nigeriano também procura aliados na região.

Boa vizinhança

Na terça-feira, o novo primeiro-ministro nomeado pelos militares em Niamey, Ali Mahaman Lamine Zeine, foi a N'Djamena, capital do Chade, onde foi recebido pelo presidente transitório do país, Mahamat Idriss Deby Itno.

Como demonstração de sua "fraternidade", em nome do novo homem forte de Niamey, o general Abdourahamane Tiani, ele quis "renovar o sentimento de boa vizinhança" entre os dois países, insistindo, no entanto, na "independência" do Níger.

Pela primeira vez, o premiê deu a entender que seu país está "em processo de transição", sem, por outro lado, especificar o prazo de possíveis eleições para o retorno à ordem constitucional. O Zeine deixou N'Djamena na tarde desta quarta-feira, de acordo com as autoridades chadianas.

O Chade, grande potência militar na região do Sahel, informou na semana passada que não participará de nenhuma intervenção militar ao lado da Cedeao, organização a que não pertence.

"Alta traição"

Os vizinhos Mali e Burkina Faso, também liderados por militares que chegaram ao poder por meio de golpes em 2020 e 2022, respectivamente, se solidarizaram rapidamente com os generais de Niamey.

Eles permanecem inflexíveis por enquanto e mantêm prisioneiro o presidente deposto Mohamed Bazoum desde 26 de julho, a quem pretendem processar por "alta traição". A junta militar acredita que uma operação militar contra seu país seria uma "agressão ilegal e sem sentido" e prometeu uma "resposta imediata" a qualquer agressão.

O exército nigeriano está mobilizado há anos na luta contra os jihadistas, principalmente na imensa região de Tillabéri, localizada na chamada zona das "três fronteiras" entre o Níger, Burkina Faso e Mali, onde ocorreu o ataque de terça-feira.

Antes do golpe, a França, ex-potência colonial que tem 1,5 mil soldados no Níger, participava ativamente com o exército nigeriano na luta contra esses grupos jihadistas. Desde então, Paris se tornou um dos alvos preferidos do novo regime em Niamey, que acusa o Governo francês de influenciar as decisões da Cedeao.

(Com informações da AFP)

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