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Egito/Julgamento de Mursi

Processo de ex-presidente Mohamed Mursi é adiado no Cairo

O processo por "incitação ao assassinato" contra o ex-presidente egípcio Mohamed Mursi foi postergado para o dia 8 de janeiro de 2014. Nesta segunda-feira, ele esteve diante do tribunal ao lado de outros 14 líderes da Irmandade Muçulmana e acusou a corte de ser "ilegal". De acordo com ele, quem deveria enfrentar a Justiça seriam os "líderes do golpe de Estado militar", que o destituíram no último dia 3 de julho, poucos dias depois que milhões de egípcios foram às ruas exigir sua partida.

Manifestação estudantil de apoio ao presidente islamita deposto, Mohamed Mursi nesta segunda-feira 4 de novembro de 2013.
Manifestação estudantil de apoio ao presidente islamita deposto, Mohamed Mursi nesta segunda-feira 4 de novembro de 2013. REUTERS/Mohamed Abd El Ghany
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"Eu sou o presidente da República", afirmou Mursi, em sua primeira aparição desde que foi preso pelo exército. Em entrevista por telefone à agência de notícias Reuters, o filho do ex-presidente, Ussama, disse que seu pai recusou o direito a um advogado: "Não reconhecemos este processo", declarou. "Estamos orgulhosos de meu pai e sua posição nos conforta".

O processo não foi televisionado e os jornalistas que compareceram foram proibidos de usar seus telefones celulares na sala de audiência, instalada numa escola de polícia, para onde o presidente deposto foi transferido de helicóptero. Os acusados serão transferidos para a prisão de Torah, no Cairo, a mesma onde estava preso o ex-presidente Hosni Mubarak, deposto durante a Primavera Árabe.

Mohamed Mursi compareceu ao Tribunal em aparente boa saúde, vestido em um terno azul escuro e passou todo o tempo em uma jaula, ao lado dos outros acusados de incitar a violência durante os protestos de 5 de dezembro de 2012, diante da sede da presidência, no Cairo. Dezenas de manifestantes morreram na ocasião.

Partidários da Irmandade Muçulmana acusam o julgamento de ser uma fraude destinada simplesmente a excluir a confraria do cenário político egípcio e estabelecer um Estado militar. Centenas de manifestantes pró-Mursi se reuniram diante da escola de polícia para exprimir seu apoio ao ex-chefe de Estado e denunciar novamente o chefe do exército, geral Abdel al-Sissi. "A vontade do povo foi violada", diziam seus cartazes.

Na praça Tahrir, epicentro das manifestações de 2011 contra Mubarak, amanheceu bloqueada pelas forças de ordem. O trânsito na capital egípcia estava normal, um sinal de que os partidários da Irmandade Muçulmana preferiram não sair de casa, com medo da repressão.

Durante o fim de semana, um alto dirigente da confraria estimou que "se Mursi for condenado, haverá uma escalada de manifestações pacíficas, sem uso da força", mas não descartou a possibilidade de outros islamitas pegarem em armas contra o Estado. Depois da queda do primeiro presidente eleito democraticamente da históroa do Egito, o governo interino apoiado pelo exército lançou uma repressão implacável contra a Irmandade Muçulmana, matando centenas de seus partidários e prendendo praticamente todas as suas lideranças.

Centenas de membros das forças de ordem também morreram na onda de violência que seguiu o golpe de Estado. O Exército acusa a Irmandade Muçulmana de encorajar o terrorismo, ainda que seus dirigentes neguem qualquer envolvimento com atividades violentas.

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