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Presa, iraniana que venceu Nobel da Paz denuncia "guerra contra mulheres" em seu país

A ativista iraniana Narges Mohammadi, vencedora do Nobel da Paz e detida desde 2021 em Teerã, convocou nesta terça-feira (23) a população de seu país a se levantar contra "uma guerra em larga escala contra as mulheres". O Irã reforçou recentemente o controle do uso obrigatório do véu islâmico nas ruas, após uma imensa revolta no país. 

A ativista iraniana Narges Mohammadi, em foto de arquivo.
A ativista iraniana Narges Mohammadi, em foto de arquivo. © AP Photo/Vahid Salemi
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"Iranianas e iranianos, eu peço para vocês, sejam artistas, intelectuais, trabalhadores, professores, estudantes, dentro ou fora do país, a se rebelar contra essa guerra às mulheres", diz Narges Mohammadi em uma mensagem de voz divulgada por seus apoiadores. 

A militante também convoca as mulheres vítimas de prisão, agressões físicas, abusos e violências sexuais cometidas por autoridades a divulgarem seus testemunhos em sua página no Instagram. "Não subestimem o poder do compartilhamento de suas experiências. Isso permite expor a misoginia do governo e de combatê-la", reitera na mensagem. 

A gravação foi feita no presídio de Evin, em Teerã, onde Mohammadi está detida desde 2021. Privada de seu celular há cinco meses, a prêmio Nobel da Paz gravou a mensagem por meio do telefone da presa política Sepideh Gholian. 

Na mensagem de voz, Mohammadi também fala da chegada a Evin da jornalista e estudante Dina Ghalibaf. A jovem foi presa depois de ter acusado nas redes sociais as forças de segurança iranianas de abusos sexuais durante uma abordagem em uma estação de metrô de Teerã.

Aumento do controle nas ruas

Em meados de abril, a polícia do país anunciou o reforço do controle do uso obrigatório do hijab nas ruas. As autoridades consideram que a regra é cada vez menos respeitada no Irã. "A polícia de Teerã, como de outras províncias, reagirá contra indivíduos que promovem o não uso do véu", preveniu o chefe da polícia da capital, o general Abasali Mohammadian, na televisão.

O anúncio ocorreu alguns dias após um discurso do guia supremo iraniano, o aiatolá Ali Khamenei. Na ocasião, ele lembrou que todas as mulheres do país devem respeitar o uso do véu islâmico, independentemente de sua crença. 

Desde então, defensores dos direitos das mulheres vêm denunciando o aumento de prisões de iranianas pela polícia da moral. A hashtag "Guerra contra as Mulheres" também apareceu nas redes sociais do país. 

Além disso, mídias locais relatam o surgimento de blitz para multar veículos que transportam mulheres sem véu. As autoridades também fecharam cafés e restaurantes onde o porte do hijab não era respeitado por clientes ou empregadas. 

Desde a Revolução Islâmica de 1979, as iranianas são obrigadas a esconder seus cabelos em público. Com a dura repressão do movimento de protesto que surgiu com a morte da jovem Mahsa Amini, em 2022, as mulheres vêm se recusando a obedecer à norma. 

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