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Saúde em dia

Saiba como identificar os transtornos obsessivos compulsivos

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Os transtornos obsessivos compulsivos (TOC) são distúrbios de ansiedade que podem atingir de 2 a 3% da população. Os pacientes que sofrem da doença têm pensamentos e impulsos incontroláveis, que levam a adotar rituais repetitivos diários, como lavar as mãos sem parar, por exemplo.

Os transtornos obsessivos compulsivos atingem 2% da população francesa.
Os transtornos obsessivos compulsivos atingem 2% da população francesa. Getty Images/iStockphoto - Laura Rosina
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A psiquiatra francesa Aurélia Schneider, que atua no hospital Bicêtre, na região parisiense, descreveu, em entrevista ao programa Priorité Santé, da RFI, como são os pensamentos obsessivos característicos do transtorno, que, em 65% dos casos, são diagnosticados antes dos 25 anos.

“Esses pensamentos invadem o paciente e são, com frequência, sobre desgraças ou tragédias como incêndios, enchentes ou a morte de um ente querido. Uma série de catástrofes que a pessoa teme que aconteçam ou que ela mesma as provoque”, explicou.

Os rituais do paciente com TOC podem ser variados e são conduzidos por ideias obsessivas e sem cabimento, explica a psiquiatra francesa. “Por exemplo, se eu passo do lado direito de um poste, posso proteger a vida de alguém que eu amo e que eu não quero que morra”.

O transtorno pode se apresentar de formas variadas. Ele se torna mais problemático quando os rituais começam a ser colocados em prática de maneira compulsiva e o paciente acredita que eles o protegem, explica a psiquiatra.

Há uma associação que se estabelece entre essas ideias desconexas e a compulsão. Segundo Eric Wynckel, presidente da AFTOC, a Associação Francesa de pessoas que sofrem de problemas obsessivos e compulsivos, os pacientes, em geral, têm dificuldade para identificar o momento em que tudo começou. Ele diz que suas lembranças mais antigas datam da época em que tinha 7 ou 8 anos.

“Eu me lembro que, em determinados momentos, eu tinha que encadear uma série de onomatopéias em voz alta e 'mandar embora' os pensamentos negativos, que eu também não conseguia identificar. Foi mais tarde, na adolescência, que percebi que isso não era normal”, conta Eric.

Poder dividir as dificuldades com outros membros da associação é fundamental para os pacientes, diz Eric. “Compartilhar nossas experiências e o que vivemos nesses grupos é muito importante. Isso ocorre em uma atmosfera de grande empatia e gentileza. Mesmo que o objeto da angústia não seja idêntico, nós nos entendemos”, diz.

Dina, 39 anos, desenvolveu o transtorno após o nascimento de seu filho. Ela não pode evitar o impulso que a leva a lavar, dezenas de vezes por dia, o bico e a mamadeira do bebê.

“Uma vez passei das 22h até às 2h limpando a mesma mamadeira e o bico”, conta Dina, que desde então tem medo de que tudo possa contaminar o ambiente em que ela vive. A responsabilidade trazida pela maternidade, diz, aumentou sua ansiedade nata.

O transtorno a impede de ter uma vida profissional e social normal, apesar do tratamento e do acompanhamento de um psiquiatra. Família e amigos, conta, muitas vezes não sabem como conviver com o problema.

Pacientes estão conscientes do transtorno

O que aumenta mais o sofrimento é que os pacientes têm consciência do problema, ressalta a psiquiatra francesa. “Eles estão cientes de sua própria deficiência. Tenho pacientes que às vezes têm oito horas de ritual por dia", explica a especialista.

"Eles se levantam de madrugada, fazem seus rituais durante quatro horas, vão trabalhar e depois fazem mais quatro horas de rituais. Esse é apenas um exemplo. Eles têm consciência de que tudo isso é um exagero, ficar lavando, verificando.”

Segundo ela, é como se o paciente sempre estivesse em dúvida de ter feito algo errado, por falta de confiança em si mesmo. O tratamento da doença, que é individualizado, pode incluir terapia individual e em grupo, além do uso de medicamentos.

“O que funciona mais são os antidepressivos receptores de serotonina, que reduzem consideravelmente a angústia que temos nessas situações. O remédio reduz de maneira significativa essa angústia. Uma terapia também é necessária.”

Segundo a psiquiatra, a terapia comportamental ajuda, pouco a pouco, a controlar os impulsos. A ideia é ensinar os pacientes a adotar atitudes que vão ajudá-lo a relaxar, como por exemplo “desarrumar” um pouco o ambiente e trocar os objetos de lugar. “Eles percebem, ao fazer isso, que nada vai acontecer.”

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