Acessar o conteúdo principal
Saúde em dia

Leucemia pode ser silenciosa; saiba quando suspeitar da doença

Publicado em:

Neste ano, cerca de 11 mil novos casos de leucemia serão registrados no Brasil. Pesquisas mostram que o número de doentes cresceu entre 2007 e 2016. Um dos motivos, apontam os especialistas, é a dificuldade em realizar diagnósticos precoces.

Alterações pouco significativas no exame de sangue podem indicar a existência da leucemia
Alterações pouco significativas no exame de sangue podem indicar a existência da leucemia © Pixabay
Publicidade

Taíssa Stivanin, da RFI

O cardiologista Eurico Correia, de 67 anos, levou um susto quando descobriu que tinha uma forma de leucemia crônica, em 2011. Sem sintomas, ele só procurou um médico porque percebeu que havia uma pequena alteração em seu hemograma. Ele repetiu o exame, mas só houve consenso sobre o diagnóstico meses depois.

“Fiz exames hematológicos, cardiovasculares e um PET-CT, que é uma tomografia do corpo todo para determinar o grau de disseminação de uma doença ou infecção. Demorei entre um mês e meio e dois para concluir todos esses exames e é óbvio que fiquei emocionalmente desgastado. Mas continuei trabalhando normalmente. Afinal, não sentia nada”, contou o médico à RFI.

Após todos os exames, o cardiologista descobriu que tinha leucemia linfocítica crônica. Ele conta que foi difícil aceitar o diagnóstico, mas isso nunca o impediu de levar uma vida normal. Após vários anos de convivência "pacífica" com a doença, Eurico Correia teve sintomas como anemia e aumento do baço, controlados com quimioterapia e tratamento oral.

Doença silenciosa

Como aparece a leucemia? Tudo começa dentro da medula óssea, o tecido que fica dentro do osso. Ali nascem as células do sangue, originárias das células-tronco, que vão se dividindo e se especializando em glóbulos vermelhos, brancos e plaquetas.

Quando a leucemia se manifesta, é porque as células imaturas, que ainda não se especializaram, já substituíram as "normais" dentro da medula, do sangue e do sistema linfático.

Existem vários tipos de leucemia e a incidência da doença difere de acordo com o tipo e subtipo, explicou o hematologista brasileiro Jayr Schmidt Filho, que atua no hospital A.C. Camargo, em São Paulo.

“As leucemias agudas se originam de células imaturas dentro da medula óssea e são doenças mais agressivas. Há, também, as leucemias crônicas, que se originam de elementos de células já amadurecidas da medula óssea no nosso sangue e evoluem de maneira mais lenta”, diz.

A classificação também engloba as leucemias mieloides, que se originam de células que produzem globulos brancos, vermelhos e plaquetas, detalha o especialista. Já as leucemias linfoides se originam nos linfócitos – um tipo de glóbulo branco.  As combinações ainda incluem outros subtipos e formas da doença menos frequentes, lembra.

A leucemia pode atingir crianças, adultos e idosos e cada tipo da doença é mais propício em uma determinada faixa etária. A leucemia mieloide aguda é a que está mais associada à predisposição genética.

Tratamento

O tratamento depende da forma de leucemia, mas envolve quimioterapia e, às vezes, necessidade de transplante de medula óssea. “A indicação do transplante vai depender da característica e da gravidade da doença, considerando que já se sabe que ela não se resolverá com a quimioterapia e o transplante pode ser necessário. Ele é feito idealmente após a quimioterapia, obtendo a remissão da doença”, explica.

O hematologista também lembra que novos remédios revolucionaram o tratamento, como os inibidores de tirosinoquinase. A terapia gênica também é utilizada para tratar algumas formas da doença, como a leucemia linfoblástica aguda. “Temos que prestar atenção aos sintomas de fraqueza e cansaço, e identificar a anemia. Uma anemia não vira uma leucemia, mas é um indicativo de doenças hematológicas, ou de doenças com fatores de risco para leucemia”, conclui.

NewsletterReceba a newsletter diária RFI: noticiários, reportagens, entrevistas, análises, perfis, emissões, programas.

Acompanhe todas as notícias internacionais baixando o aplicativo da RFI

Veja outros episódios
Página não encontrada

O conteúdo ao qual você tenta acessar não existe ou não está mais disponível.