"Temos que resistir", afirma diretora do Festival do Cinema Brasileiro de Paris
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De 29 de março a 5 de abril, a capital francesa recebe o 24° Festival do Cinema Brasileiro de Paris. Em entrevista à RFI, a diretora do evento, Katia Adler, conta as dores e delícias de realizar mais uma edição deste importante panorama do cinema nacional na França, em meio ao desafiador contexto político atual.
Por Andréia Gomes Durão, da RFI
A seleção de 29 filmes exibe títulos inéditos, mas também alguns já emblemáticos do cinema brasileiro. O público terá a oportunidade de assistir, por exemplo, a “Deserto Particular”, de Aly Muritiba, escolhido para representar o Brasil no Oscar, além do clássico “Rio, 40°”, de Nelson Pereira dos Santos. O festival também exibe lançamentos mundiais, como “Rama Pankararu”, de Pedro Sodré, que estará presente para debates no evento, ao lado da atriz Bia Pankararu, que também é produtora e roteirista do longa-metragem.
“O festival tem esse dispositivo que é apresentar um filme e depois ter um debate com o público, essa troca com o público francês ou com os brasileiros que moram aqui. Um outro lançamento mundial será ‘Bem-vinda a Quixeramobim’, de Halder Gomes. Um filme cearense com um nome difícil de falar”, brinca Katia, destacando que o protagonista, o youtuber Max Petterson, também participará dos debates durante o evento.
Entre alguns títulos do festival, a diretora – e curadora do festival – cita ainda “Os Primeiros Soldados”, de Johnny Massaro, “Já que ninguém me tira para dançar”, de Ana Maria Magalhães, sobre Leila Diniz, e “Homem Onça”, de Vinícius Reis e com Chico Diaz. “Apesar de todas as dificuldades, os convidados virão para encontrar com o público, o que faz do festival um evento 'incontournable', como dizem os franceses”, acrescenta Katia.
Mais do que apresentar um viés político, o próprio evento se firma como um ato de resistência, chegando a sua 24ª edição apesar das adversidades políticas e dos intermitentes incentivos à cultura e aos filmes nacionais.
“Em 24 anos são muitos altos e baixos. A gente trabalhou com todos os governos até [chegar ao] Bolsonaro. Bolsonaro não gosta de cultura, e ele diz isso. A gente sofre com isso, mas vai resistir. Eu tenho um dever comigo, com a minha família, com o público. Os convidados estão vindo por conta própria. É um engajamento deles. Temos que continuar resistindo e, de preferência, trocar essa pessoa da presidência do Brasil”, enfatiza Katia.
O 24° Festival do Cinema Brasileiro de Paris acontecerá de 29 de março a 05 de abril, no cinema Arlequim, no 6° distrito da capital francesa. Quem não puder participar pode acessar a seleção de filmes da Jangada, organizadora do evento, pela plataforma Jangada VOD.
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