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Livro brasileiro sobre transfeminismo ganha versão francesa

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A pedagoga e professora universitária Letícia Nascimento lança na França, pela editora Anacaona, o livro “Le transféminisme: genres et transidentités” (Transfeminismo: gêrenos e transidentidades), versão francesa do livro “Transfeminismo”, publicado em 2021 no Brasil. Em entrevista à RFI, a autora fala sobre feminismo, interseccionalidade e até sobre a presença de Linn da Quebrada em um reality show.

A professora universitária e escritora Letícia Nascimento lança na França "Le Transféminisme - Genres et transidentités", versão francesa do livro "Transfeminismo", publicado em 2021 no Brasil.
A professora universitária e escritora Letícia Nascimento lança na França "Le Transféminisme - Genres et transidentités", versão francesa do livro "Transfeminismo", publicado em 2021 no Brasil. © Divulgação
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Baseada em uma vasta pesquisa acadêmica, que mergulha em textos de outras autoras brasileiras, como Jaqueline Gomes de Jesus, mas também do francês Michel Foucault ou a americana Judith Butler, Letícia apresenta uma reflexão direta e com poucos rodeios sobre o conceito de transfeminismo. Mas a piauiense também se apoia na sua própria experiência para tentar avançar em um debate complexo: como as vivências trans contribuem para a reflexão sobre o feminismo.

Letícia sabe que terreno é minado, já que nem todas as feministas estão dispostas a confrontar e unir seus pensamentos. Mas durante todo o livro ela tenta romper essas barreiras, dialogando com o feminismo negro, por exemplo com a Djamila Ribeiro, que aliás dirige a coleção na qual seu livro saiu no Brasil, mas também o feminismo lésbico.

“Nós precisamos evidenciar que essas passarelas não estão dadas. É necessário um esforço político das feministas para criarem essas pontes. Essas passarelas só podem ser construídas se nós lermos umas às outras”, defende.

Se a autora preza por esse diálogo, é porque ela mesma encarna as diferenças que ela analisa. Travesti, negra e gorda, ela é um exemplo perfeito de interseccionalidade, e traz um olhar plural para as questões que aborda. “A interseccionalidade no Brasil tem uma raiz mais histórica e mais profunda por conta das feridas coloniais. Mas com a flexibilização das fronteiras, o fluxo de mercadorias, da cultura e de pessoas, se torna imprescindível entender como os diferentes marcadores sociais produzem vulnerabilidades e violências das mais diferentes formas”, resume a autora.

Linn da Quebrada quebrando paradigmas no BBB

Letícia defende a visibilidade dos corpos trans em todas as esferas. E nesse sentido, vê a presença de alguém como Linn da Quebrada em um reality show com bons olhos.“Em qualquer lugar que nós estejamos, nós iremos produzir rupturas. E essas rupturas são constantemente associadas à processos de desconstrução e aprendizagem. Quanto uma travesti ou uma mulher trans se coloca em qualquer espaço, ela produz um questionamento da norma", pondera.

“E me parece que a Linn da Quebrada tem provocado muito isso a partir de um discurso extremamente educativo, polido e político. Ela é bastante pontual nas suas considerações, o que acaba desconstruindo o lugar da travesti como aquela que é palhaça, que é engraçada ou que é da prostituição e não tem cultura. A Linn de fato tem quebrado paradigmas a respeito de como a grande mídia e população brasileira percebe as travestilidades”, finaliza.

Assista a entrevista completa clicando na foto acima.

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