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Reportagem

Antigo castelo renascentista é transformado em centro internacional dedicado à língua francesa

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Construído no século 16 pelo rei François I, o castelo de Villers-Cotterêts, a cerca de 50 minutos de trem a nordeste de Paris, foi extensivamente reformado para abrigar a Cité Internationale de la Langue Française, um centro para a preservação do francês. O presidente Emmanuel Macron inaugurou nesta segunda-feira (30) este que é considerado o maior projeto cultural de seu mandato, e que será palco da Cúpula da Francofonia de 2024, para a qual serão convidados os líderes de 88 países.

Cité Internationale de la Langue Française, Villers-Coterêts.
Cité Internationale de la Langue Française, Villers-Coterêts. Pierre RENE-WORMS / FMM - PIERRE RENE-WORMS
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Patrícia Moribe, enviada especial a Villers-Cotterêts

Castelo de Villers-Coterêts, sede da Cité Internacional da Língua Francesa.
Castelo de Villers-Coterêts, sede da Cité Internacional da Língua Francesa. Pierre RENE-WORMS / FMM - PIERRE RENE-WORMS

O castelo de Villers-Cotterêts começou a ser levantado em 1532, por François I, e ficou pronto 24 anos depois.

Junto à uma ampla área verde, perfeita nos tempos de caçadas reais, o castelo se tornou um bem público durante a Revolução Francesa. Depois serviu como prisão e abrigo de mendigos. A degradação continuou e o local virou asilo de idosos, até ser completamente abandonado em 2014.

“É um dos maiores projetos culturais dos últimos anos. É ao mesmo tempo, um resgate patrimonial, uma restauração de um castelo que estava prestes a desaparecer e sobretudo o nascimento de uma nova estrutura”, conta Paul Rondin, diretor da Cité Internacional da Língua Francesa.

“É um local de atividades culturais, de residência artística, de criação. É um lugar de lazer e prazer. É um lugar de muita vida. Podemos só passear ou simplesmente não fazer nada. E, de repente, ver um espetáculo, uma exposição”, explica Rondin.

Paul Rondin, diretor da Cité Internacional da Língua Francesa, em Villers-Coterêts.
Paul Rondin, diretor da Cité Internacional da Língua Francesa, em Villers-Coterêts. Pierre RENE-WORMS / FMM - PIERRE RENE-WORMS

“Ou visitar a exposição permanente que fala das línguas francesas”, diz o diretor, insistindo no plural dos termos, “e que, acima de tudo, nos conta que o francês é uma língua que não pertence apenas à França e aos franceses, mas, que vai muito além, e que os falantes dessa língua estão espalhados no mundo todo”.

Berço de Alexandre Dumas

Villers-Coterêts é terra de um dos grandes nomes da literatura francesa, Alexandre Dumas (1802-1870), autor de clássicos como “Os Três Mosqueteiros” e “Conde de Monte Cristo”. 

 “A língua francesa é uma herança, com raízes num passado muito distante, compartilhado”, enfatiza Marie Lavandier, presidente do Centro dos Monumentos Nacionais. “A Cité Internacional da Língua Francesa mostra que esse passado não é apenas europeu, ou exclusivamente latino, mas muito mais rico que isso”.

Marie Lavandier, presidente do Centro Nacional dos Museus da França, em Villers-Coterêts.
Marie Lavandier, presidente do Centro Nacional dos Museus da França, em Villers-Coterêts. Pierre RENE-WORMS / FMM - PIERRE RENE-WORMS

“É algo que nos chega do passado, é uma herança, mas também um patrimônio compartilhado, pois se situa na encruzilhada de geografias, na encruzilhada das grandes histórias, e das histórias individuais. É também um patrimônio, no sentido de que pertence a todos nós”, diz Lavandier.

O complexo conta com 23 mil m², entre castelo, dependências, jardins e floresta. O centro oferece um amplo panorama sobre as origens e declinações da língua francesa pelo mundo. Há diversas plataformas em formato multimídia e documentos originais.

Ao visitar Villers-Coterêts é inevitável pensar em outro grande projeto, o do Museu da Língua Portuguesa, em São Paulo. Referência inovadora no mundo da museologia, principalmente por sua caraterística digital imersiva, a instituição brasileira se recuperou rapidamente de um incêndio em 2015.

Museu da Língua Portuguesa

Mas Xavier North, principal curador da CILF, garante que os projetos são diferentes, apesar de algumas semelhanças. “Há uma certa analogia com o museu de São Paulo. O português desempenhou no Brasil o mesmo papel unificador do francês na França. O Brasil é um país onde muitas línguas são faladas, com populações muito diversas, desde populações amazônicas até populações de origem africana, de origem europeia etc. O que mantém a nação brasileira unida é a sua língua, o português”, explica.

“A França é um país que alcançou a sua unidade política através da unidade linguística. O Museu da Língua Portuguesa também é muito interativo, com muitas atividades digitais, de efeitos espetaculares.  Há também uma parte estritamente histórica. Não quisemos fazer a história do francês, mesmo se ela está muito presente“, comenta o curador da mostra permanente.

A programação promete, além da exposição permanente em torno da língua francesa, acolher exposições temporárias, espetáculos, concertos e debates. Está prevista também uma função pedagógica, com cursos e residências para artistas e pesquisadores. O visitante tem também à disposição os jardins do palácio e a floresta de Retz.

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