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JO Paris 2024: assembleia da ONU adota "trégua olímpica" sob críticas da Rússia

A Assembleia Geral da ONU adotou na terça-feira (21) a tradicional "trégua olímpica" por ocasião dos próximos Jogos de Paris, uma resolução simbólica criticada pela Rússia que denuncia “interferência política” no esporte. 

O presidente do Comitê Internacional Olímpico diante da Assembleia Geral da ONU em 21 de novembro de 2023.
O presidente do Comitê Internacional Olímpico diante da Assembleia Geral da ONU em 21 de novembro de 2023. REUTERS - BRENDAN MCDERMID
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A resolução, adotada na terça-feira, por 118 votos a favor, nenhum contra e duas abstenções (Rússia e Síria), solicita aos Estados-membros que "observem a trégua olímpica individual e coletivamente" a partir do sétimo dia antes do início da Olimpíada de Paris (26 de julho a 11 de agosto de 2024) e até o sétimo dia após o término dos Jogos Paralímpicos (28 de agosto a 8 de setembro).

O texto elaborado pela França sublinha também “a importância da cooperação entre os Estados-membros para aplicar os valores da Trégua Olímpica em todo o mundo”.

“Não me lembro de um mundo que enfrente tantos confrontos, divisões, polarização”, comentou o presidente do Comité Olímpico Internacional (COI) Thomas Bach na ONU, pedindo que “enviem uma mensagem inequívoca ao mundo: sim, podemos nos unir mesmo em tempos de guerras e crises."

“Os Jogos têm um valor extremamente inspirador como exemplo porque mostram o que temos em comum e não o que nos divide”, acrescentou Tony Estanguet, chefe do comité organizador dos Jogos Olímpicos de Paris.

Tradição grega

O cessar-fogo durante os jogos é uma tradição que remonta à Grécia Antiga, do século 9 antes de nossa era e que foi adaptado às Olimpíadas modernas, desde Lillehammer em 1994. Os países membros da ONU se comprometem a cessar as hostilidades uma semana antes do começo dos jogos até uma semana depois do fim das Paralimpíadas. 

Até agora, sempre foi adotado sem votação, por consenso, a cada dois anos antes dos Jogos Olímpicos de Inverno e de Verão. Mas a Rússia exigiu este ano uma votação, considerando “inaceitável” a ausência no texto de uma referência aos “princípios de acesso igualitário e não politizado” às competições desportivas.

O COI considera a invasão da Ucrânia pela Rússia em fevereiro de 2022 como uma violação da trégua olímpica ligada aos Jogos Olímpicos de Pequim 2022 e, por isso, recomendou que as federações internacionais proibissem suas competições em solo russo e proibissem quaisquer símbolos oficiais russos – hino ou bandeira. Mas ele ainda não decidiu sobre os Jogos.

Interferência política

“Há uma tendência perigosa para a interferência política no esporte e para sua utilização como instrumento de pressão política”, denunciou a vice-embaixadora russa na ONU, Maria Zabolotskaya, descrevendo a “discriminação” contra os atletas russos como o “cúmulo da hipocrisia e do cinismo”. 

“Isto não é de forma alguma discriminação contra os atletas, e sim respeito pelas regras da Carta Olímpica”, respondeu Thomas Bach à imprensa, quando COI suspendeu o comitê olímpico russo em outubro, por ter colocado sob a sua autoridade várias organizações esportivas em áreas ocupadas em regiões ucranianas.

Ele também lamentou o anúncio da Rússia da organização em 2024 de “jogos de amizade”. “Os eventos esportivos devem ser organizados por organizações esportivas”, insistiu, indicando que se esta competição se realizasse, “o esporte faria então parte das tensões e divisões políticas do mundo”.

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