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Esporte em foco

Lutadores de wrestling do Brasil realizam preparação em Paris de olho em vaga olímpica

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Os atletas da luta olímpica, também conhecida como wrestling, Calebe Ferreira, de 26 anos, e Igor Queiroz, de 22, estiveram em Paris com o treinador Kenedy Pedrosa, de 29 anos, a convite da Federação Internacional da modalidade greco-romana para um treinamento pré-olímpico de dez dias no Instituto Nacional do Esporte, da Avaliação e da Performance, o Insep. A jovem equipe é uma promessa brasileira para Paris 2024.

Wrestling Masculino
Atletas da luta greco-romana em estágio de treinamento pré-olímpico no Instituto Nacional do Esporte, da Avaliação e da Performance, em Paris, em 13 de novembro de 2023. © LUIZA RAMOS/RFI
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Por Luiza Ramos, da RFI

O torneio de luta olímpica se divide em dois estilos, greco-romano e livre. O estilo livre contempla as categorias feminino e masculino, que por sua vez dividem os atletas por peso. Na França, chamado apenas de 'lutte', o esporte datado de 704 a.C estreou nas Olimpíadas na forma greco-romana em 1896, nos Jogos de Atenas. Em 1904, o estilo livre foi disputado pela primeira vez nos JO de Saint Louis, nos Estados Unidos.

O Brasil participou pela primeira vez nas competições olímpicas de wrestling em 1988, em Seul, com dois atletas; em 2020, em Tokyo, três lutadores representaram o wrestling brasileiro, até hoje sem medalhas olímpicas pelo esporte. 

Mesmo com uma longa história, a luta olímpica ainda é pouco divulgada no Brasil. A Confederação Brasileira de Wrestling, CBW, contabiliza 1.830 atletas cadastrados e 111 clubes de luta credenciados no país. Para fins de comparação, o popular jiu-jitsu, que não é esporte olímpico, conta com uma lista de 3.195 academias no país, segundo o site da Confederação Brasileira de jiu-jitsu, a CCJJ.

Jogos Pan-Americanos 2023

Nos Jogos Pan-Americanos 2023 realizados em Santiago, no Chile, entre outubro e novembro deste ano, a delegação brasileira de wrestling bateu seu próprio recorde de medalhas. No estilo livre feminino foram dois ouros, Laís Nunes pela categoria até 62kg e Giullia Penalber, até 57kg. Ambas possuem chances de se classificar para Paris 2024. A seletiva classificatória sul-americana será em Acapulco, no México, em março do próximo ano.

No estilo greco-romano, o atleta Joilson Júnior levou a prata na categoria 77kg, Igor Queiroz ganhou medalha de bronze na categoria até 97kg e Calebe Ferreira ficou em 8º lugar para lutadores até 67 kg. O treinador Kennedy Pedrosa disse à RFI estar bastante otimista com as possibilidades para a etapa classificatória sul-americana: "As chances são grandes, Igor é o mais novo, mas já tem uma bagagem grande como atleta, tem grandes chances de ir para as Olimpíadas. O Calebe também é um atleta bem experiente, compete desde os 16 anos. Então nossas chances estão entre 99% para 100%. Bem grande mesmo", estima.

Medalha de bronze -  Igor Queiroz categoria 97kg do estilo greco-romano
Igor Queiroz, de 22 anos, é uma aposta do wrestling estilo greco-romano. Ele levou a medalha de bronze na categoria 97kg nos Jogos Pan de Santiago de 2023. © LUIZA RAMOS/RFI

Treinamento de alto rendimento em Paris

Na imersão em Paris, Igor, Calebe e o técnico Kenedy Pedrosa, puderam conhecer o ritmo de treino internacional com atletas de alto rendimento do mundo todo. Christophe Guenot, ex-atleta de wrestling e medalha de prata em Pequim 2008 na categoria até 74 kg é o atual técnico da equipe francesa de luta greco-romana.

À RFI, Guenot exaltou a importância do intercâmbio de atletas na etapa pré-olímpica, que no Insep conta com lutadores de até dez nacionalidades:

“Nós, da equipe francesa, treinamos aqui todos os dias, duas vezes por dia. Esse estágio de treinamento é organizado pela Federação Internacional com as equipes estrangeiras que se inscreveram, portanto, no momento, temos uma dezena de nações participando por duas semanas. (...) É o início da temporada individual e estamos nos preparando para as rodadas de qualificação olímpica. (...) Também é importante para compartilhar e conhecer outros adversários com diferentes estilos de luta, diferentes categorias de peso e assim por diante. Isso é muito interessante”, diz. 

Calebe Corrêa - categoria 67kg do estilo greco-romano
Calebe Corrêa compete pela categoria até 67kg do estilo greco-romano. Ele mostra a malha oficial da equipe brasileira de wrestling. Malha é como os atletas chamam o uniforme de competição. © LUIZA RAMOS/RFI

Calebe Ferreira, que começou na prática de judô, acabou se encantando pela luta greco-romano ainda adolescente por recomendação de amigos que o sugeriram começar no esporte para ter mais força. Aos 26 anos, Calebe já contabiliza impressionantes 10 anos de carreira em alto rendimento com 14 títulos nacionais de wrestling e um ouro sul-americano adulto conquistado em 2017. Ele, de São Paulo, e Igor, original do Mato Grosso, se estabeleceram no Rio de Janeiro para seguir a carreira de atletas. Ambos fazem parte do Programa Olímpico da Marinha do Brasil, o PROLIM.

Para Calebe o mais importante é o legado que pode deixar para as futuras gerações do esporte, como os lutadores da categoria júnior que treinam no Rio de Janeiro.

"Eu já falei para alguns, o 'meu intuito é que vocês sejam melhores do que eu' (...) Essa mentalidade de crescimento é boa para o Brasil, porque o Brasil vai ser cada vez melhor. Poder ser de alguma forma um exemplo para que os outros possam ser muito melhores e assim o esporte cresce e a sociedade cresce. Eu acho isso muito importante", aponta Ferreira.

Já o mais jovem da seleção principal, Igor Queiroz, que completou 22 anos em outubro, revelou que seu atual colega de esporte, Calebe Ferreira, foi uma de suas inspirações no início da carreira profissional. Queiroz fala sobre a importância de ter referências brasileiras no esporte e conta como a experiência em Paris neste intercâmbio é relevante: "Hoje tem três anos que eu estou na seleção principal e eu tenho viajado com todas as minhas referências de criança, isso é muito gratificante".

Ele relembra o atleta aposentado David Albino, vencedor da medalha de bronze no Pan-Americano de 2015, a mesma medalha que Igor levou no Pan no Chile no início de novembro: "Aquilo me inspirou (...) muito bacana você projetar alguém que está chegando onde você quer chegar e ver que você também pode (...) E por que não ver a galera aqui [em Paris] que foi campeão mundial que está classificado para Olimpíada? Hoje a gente está vendo, então pode ser que amanhã a gente esteja lá também", projeta Queiroz.

O veterano Calebe Ferreira ressalta a excelência do centro de treinamento do Insep, em Paris, que julga como um dos melhores onde já esteve. Ele destacou a estrutura completa para o atleta treinar, comer e descansar, características importantes para se construir atletas de alto nível.

Sobre a primeira visita a capital francesa, o lutador também ficou impressionado. "Ah, Paris é linda, a Torre Eiffel, a culinária. Já provei os doces, sou nutricionista, mas aqui um docinho pode", brinca. Por aqui, a torcida é para que Calebe e Igor voltem em 2024 com sonhada vaga para os Jogos Olímpicos de Paris.

Se você tiver interesse em saber mais sobre regras e objetivos da luta olímpica, o wrestling, fique de olho no YouTube da RFI Brasil e nas nossas páginas do Facebook e Instagram

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