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Número de crianças mortas e destruição na Faixa de Gaza terão efeito devastador para Israel

A imprensa francesa analisa diariamente as consequências da guerra entre Israel e o Hamas. Nesta sexta-feira (3), o jornal Libération joga luz sobre o preço pago por crianças e adolescentes na Faixa de Gaza, com os incessantes bombardeios israelenses. Imagens têm mostrado com frequência pequenos corpos ensanguentados envoltos em pano branco, depois de serem extraídos dos escombros de edifícios.  

Socorristas palestinos tentam extrair criança de escombros, após segundo bombardeio de Israel ao campo de refugiados de Jabaliya, no norte da Faixa de Gaza, em 1 de novembro de 2023.
Socorristas palestinos tentam extrair criança de escombros, após segundo bombardeio de Israel ao campo de refugiados de Jabaliya, no norte da Faixa de Gaza, em 1 de novembro de 2023. AP - Abed Khaled
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Entre as 9 mil pessoas mortas na Faixa de Gaza desde 7 de outubro, mais de 3,7 mil são crianças, ou seja, mais de 40% das vítimas, de acordo com o último relatório do Ministério da Saúde do Hamas. Esses números, impossíveis de serem verificados, são geralmente considerados confiáveis por entidades como a Organização Mundial da Saúde e a Anistia Internacional, afirma o Libération.

O diário lembra que, em 25 de outubro, o famoso jornalista Wael al-Dahduh, correspondente do canal de notícias Al-Jazeera no enclave palestino, soube ao vivo da morte de sua esposa, dois filhos e um neto enquanto transmitia uma reportagem de Gaza, imediatamente interrompida.

Momentos depois, os espectadores da Al-Jazeera viram o jornalista de 50 anos aos prantos, ajoelhado sobre o corpo sem vida do seu filho de 15 anos, envolto em um pano branco, como manda a tradição muçulmana. “Eles se vingam das crianças?”, questionou o experiente repórter diante dos restos mortais do adolescente, recorda o Libération.

A mulher do jornalista do Catar, a filha de 7 anos e o neto dele também morreram no ataque ao campo de refugiados de Nuseirat, onde a família se instalou depois de as autoridades israelenses terem apelado à retirada dos civis para o sul da Faixa de Gaza. 

Na quinta-feira (2), a ONU denunciou ataques a quatro escolas transformadas em abrigos para deslocados. Em uma delas, os bombardeios teriam deixado 20 mortos e cinco feridos.

Resposta militar não pode ser única saída

Em uma longa análise sobre o conflito, o jornal Le Monde evoca a ilusão alimentada por Israel de existir uma solução militar para a Faixa de Gaza. 

Desde que o Hamas assumiu o controle do território, há 15 anos, e depois de três ofensivas israelenses de resultados insatisfatórios para reduzir a capacidade militar do grupo palestino, Israel estebeleceu como objetivo erradicar essa organização islâmica responsável pelos massacres de 7 de outubro no sul do país.

Mas reduzir a questão palestina a um desafio de segurança e a uma resposta estritamente militar é uma escolha estratégica questionável, afirma o vespertino francês. 

A globalização do conflito e a sensibilidade despertada em diversos países, que já é possível de se constatar, vão contra Israel, sublinha a análise do Le Monde. O número de mortes e a destruição já sem precedentes indica que haverá, a curto prazo, uma grande crise humanitária em Gaza, cujo impacto internacional corre o risco de ser devastador para Israel, conclui o jornal francês.

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