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Programa de rádio dedicado aos direitos LGBTQ+ é cancelado após 17 anos de sucesso em Hong Kong

Um programa dedicado à igualdade de direitos para pessoas LGBTQ+, transmitido por 17 anos pela rádio pública de Hong Kong, foi encerrado neste domingo (29). A eliminação do programa "We are Family", transmitido desde 2006 pela Radio Television Hong Kong (RTHK), financiada pelo governo, ocorre depois que Pequim esmagou o movimento pró-democracia e impôs a Lei de Segurança Nacional em 2020, que os oponentes dizem ter silenciado as vozes dissidentes.

Apoiadores dos direitos LGBT participam da parada anual do orgulho em Hong Kong, China, em 25 de novembro de 2017. REUTERS/Bobby Yip
Apoiadores dos direitos LGBT participam da parada anual do orgulho em Hong Kong, China, em 25 de novembro de 2017. REUTERS/Bobby Yip 图片:路透社/REUTERS
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Um dos apresentadores do programa, Brian Leung, disse que estava "psicologicamente preparado" para a retirada do programa, mas ressaltou que não havia recebido uma explicação satisfatória em uma reunião com a administração da RTHK no início de julho.

"Para uma plataforma tradicional como a RTHK, esse programa era mais ou menos como andar na corda bamba", disse Leung em uma entrevista algumas horas antes da transmissão final.

Misturando discussões, notícias e entrevistas com convidados, o programa, que era transmitido por duas horas todos os domingos à meia-noite, era uma das poucas plataformas de defesa dos direitos dos homossexuais em Hong Kong.

Desde o início, o programa teve liberdade editorial "tanto que eu quase não conseguia acreditar", lembra Leung. 

Um episódio sobre bullying de adolescentes em escolas secundárias ganhou um Prêmio de Imprensa de Direitos Humanos em 2010, enquanto outros episódios apresentaram discussões sobre a cultura drag e a discriminação contra pessoas transgênero.

Louis Lee, 28 anos, começou a ouvir o programa há cerca de dez anos, quando se assumiu.

"O que mais me impressionou foi ouvir minha mãe sintonizando o 'We Are Family'. Havia até motoristas de táxi e de ônibus ouvindo o programa, e eu podia conversar com eles", disse ele.

Esse programa era uma "raridade" e sua abolição é um tributo a uma cidade "onde a diversidade não é mais tolerada", de acordo com uma aposentada de 67 anos que atende pelo primeiro nome de May.

 A rádio  RTHK declarou à agência AFP que mudava sua programação de tempos em tempos, e não comentava sobre questões editoriais internas.

De acordo com uma pesquisa realizada em 2023, 60% dos habitantes de Hong Kong são a favor do casamento entre pessoas do mesmo sexo, em comparação com 38% uma década antes.

Para Leung, os defensores dos direitos LGBTQ devem esperar "um inverno rigoroso", uma metáfora para o domínio chinês conservador sobre Hong Kong.

(Com AFP)

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