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Putin não vai participar da cúpula dos BRICS na África do Sul em agosto

O presidente russo, Vladimir Putin, não comparecerá à cúpula dos países dos BRICS na África do Sul em agosto, informou nesta quarta-feira (19) a presidência do país africano, encerrando meses de especulações sobre a presença do chefe de Estado ao evento. A África do Sul exerce atualmente a presidência do bloco formado pelas cinco grandes potências emergentes que inclui ainda Brasil, Rússia, Índia e China. O anúncio acaba com um dilema espinhoso para Pretória, que se recusa a condenar a invasão russa na Ucrânia. 

O presidente russo Vladimir Putin
O presidente russo Vladimir Putin © brics2023.gov.za
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A possibilidade da visita de Putin à África do Sul havia se tornado um tema controverso já que o presidente russo é alvo de um mandado de prisão do Tribunal Penal Internacional (TPI) por crime de guerra. O país é acusado de "deportar" crianças  para a Rússia após a invasão da Ucrânia, acusações que Moscou contesta.

Como a África do Sul reconhece essa instância judicial, o país deveria cumprir o mandado de prisão do TPI. A decisão mais simples foi, então, evitar a presença de Putin.

"Por acordo mútuo, o presidente Vladimir Putin da Federação Russa não participará da reunião de cúpula, mas a Federação Russa será representada pelo ministro das Relações Exteriores, o senhor (Sergei) Lavrov", afirmou Vincent Magwenya, porta-voz do presidente sul-africano Cyril Ramaphosa, em um comunicado. 

A decisão foi tomada após inúmeras "consultas" realizadas por Ramaphosa nos últimos meses, a última delas "ontem à noite" (18), acrescentou Magwenya. 

Putin foi oficialmente convidado para a cúpula de chefes de Estado do grupo, marcada para acontecer entre 22 e 24 de agosto, em Joanesburgo, mas o governo sul-africano vinha sofrendo fortes pressões internas e externas para não receber o presidente russo. 

Declaração de guerra

Prender Vladimir Putin seria uma "declaração de guerra" à Rússia e ameaçaria a "segurança, a paz e a ordem do Estado" na África do Sul, afirmou o presidente Ramaphosa em documentos publicados na terça-feira, em meio ao debate nacional que se criou sobre o assunto.  

A África do Sul se recusou a condenar a invasão da Ucrânia em fevereiro de 2022, dizendo que queria permanecer neutra e preferia o diálogo para acabar com a guerra. Tradicional potência diplomática continental, o país defende a adoção dessa postura para poder "desempenhar um papel na resolução de conflitos", disse Cyril Ramaphosa, que já se encontrou várias vezes com Putin.

O caso ganhou mais destaque quando o principal partido de oposição sul-africano, a Aliança Democrática (DA), pediu à Justiça que obrigasse o governo a garantir que Putin seria preso caso pisasse no país. 

Em uma entrevista recente à mídia local, o vice-presidente sul-africano, Paul Mashatile, disse que seu governo estava tentando convencer Vladimir Putin a não comparecer à cúpula. 

(Com informações da AFP)

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