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"Brasil está de volta à cena internacional", diz Lula na China em posse de Dilma no Banco do Brics

O presidente iniciou sua agenda oficial nesta quinta-feira (13) com uma visita ao centro de pesquisa e desenvolvimento da marca Huawei, uma das principais empresas de tecnologia chinesas, e se reunirá com importantes empresários do país. À noite, Lula terá um encontro e um jantar com o Secretário-Geral do Partido Comunista em Xangai, Chen Jining.

Lula e Dilma em Xangai, durante a cerimônia de posse de Dilma Rousseff no Novo Banco de Desenvolvimento, conhecido como o Banco dos Brics,
Lula e Dilma em Xangai, durante a cerimônia de posse de Dilma Rousseff no Novo Banco de Desenvolvimento, conhecido como o Banco dos Brics, © Ricardo Stuckert/Divulgação
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O primeiro compromisso de Lula aconteceu em Xangai, com a cerimônia de posse de Dilma Rousseff no Novo Banco de Desenvolvimento, conhecido como o Banco do Brics, grupo formado pelas economias emergentes Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul. 

A visita oficial à China, principal parceiro comercial do Brasil desde 2009, estava inicialmente marcada para os dias 25 a 31 de março, mas foi adiada devido a uma pneumonia de Lula, de 77 anos.

Em um discurso de cerca de meia hora, Lula disse que o tempo em que o Brasil esteve ausente das grandes decisões internacionais ficou no passado. "Estamos de volta ao cenário internacional após uma inexplicável ausência. Temos muito a contribuir com questões centrais do nosso tempo, a exemplo da mitigação da crise climática, do combate à fome e da desigualdade", frisou. 

"É inadmissível que a irresponsabilidade e a ganância de uma pequena minoria coloquem em risco a sobrevivência do planeta e de toda a humanidade. O Brasil está de volta com a disposição de contribuir novamente para a construção de um mundo mais desenvolvido, mais justo e ambientalmente sustentável", afirmou o presidente, dizendo que gostaria de compartilhar a "experiência de desenvolvimento econômico e inclusão social" aplicada por ele e a ex-presidente Dilma Rousseff em seus governos.

Lula também lembrou que as mudanças climáticas, a pandemia e os conflitos armados "impactam negativamente as populações vulneráveis e os objetivos de desenvolvimento sustentável passam por graves retrocessos." Por isso, frisou o presidente, muitos países em desenvolvimento "acumulam dívidas impagáveis."

Neste contexto, ressaltou Lula, a criação do NDB (Novo Banco de Desenvolvimento) foi um marco na atuação conjunta dos países emergentes, "por suas dimensões, tamanhos de suas populações, pesos de suas economias e influências que exercem em suas regiões e no mundo." 

De acordo com Lula, "a falta de reformas efetivas das instituições financeiras tradicionais limitam o volume e as modalidades de crédito dos bancos já existentes. Pela primeira vez, um banco de desenvolvimento de alcance global é estabelecido sem a participação de países desenvolvidos em sua fase inicial, livre das amarras e constitucionalidades impostas pelas instituições tradicionais", ressaltou.

"Fim da submissão dos países em desenvolvimento"

Isso possibilita financiar projetos com moedas locais. "Não queremos ser melhor do que ninguém. Queremos as oportunidades para expandir nossas potencialidades e garantir aos nossos povos dignidades, cidadania e qualidade de vida. Por isso, além de continuar trabalhando pela reforma do FMI, da ONU e do Banco Mundial, e pela mudança das regras comerciais, precisamos usar de maneira criativa o G-20, que o Brasil presidirá em 2024, e os BRICS, em 2025", disse. Ele salientou que o Banco dos BRICS representa o "fim da submissão" dos países em desenvolvimento às instituições internacionais.

"Estou certo de que a experiência da presidenta Dilma ao governar o Brasil, se renovará à frente desse importante instrumento para o desenvolvimento dos países", acrescentou Lula, dizendo que sua presença representa o compromisso com os Brics. "Fico feliz por ter uma mulher à frente desse banco: uma mulher forte e com muita experiência", disse. Lula conclui dizendo que a criação de um Banco do Sul "era um sonho" que ele teve nos oito anos à frente da presidência.

Em seu discurso de posse na presidência do NDB, Dilma Roussef destacou o projeto de reforçar o uso de outras moedas além do dólar nas transações internacionais. "Vamos desenvolver modelos de financiamento inovadores, capazes de alavancar recursos públicos e privados para obter o máximo impacto. Captaremos recursos dos mais diversos mercados mundiais, em diferentes moedas, como o renmimbi (yuan), o dólar e o euro. Buscaremos ainda financiar nossos projetos em moedas locais, privilegiando o mercado doméstico e diminuindo a exposição às variações cambiais."

Visita a Pequim

Na noite desta quinta-feira, o presidente brasileiro viaja para Pequim, onde se reunirá com o chinês Xi Jinping, nesta sexta. Na pauta, está o reforço das relações bilaterais, com a expectativa de firmar cerca de 20 acordos em diversas áreas, em especial em áreas como tecnologia, infraestrutura e energia. Os dois líderes também devem abordar o conflito na Ucrânia, em que o Brasil tem tentado se inserir num papel de mediação. 

A comitiva brasileira em Pequim reúne 40 autoridades, entre as quais oito ministros, além de dezenas de empresários.  Antes de deixar o Brasil, Lula disse que planejava convidar o presidente Xi para uma visita ao país, "para mostrar os projetos que temos de interesse de investimento dos chineses".

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