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Radar econômico

Quais as vantagens para o Brasil se a Argélia entrar nos Brics?

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Maior produtor de gás natural da África, a Argélia tem mostrado interesse em integrar os Brics, grupo que reúne Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul. Estes países com economias em desenvolvimento são equivalentes a quase um terço do PIB mundial. Essa possível aproximação maior entre Brasil e Argélia é vista como algo positivo por especialistas ouvidos pela RFI.

O Ministro das Relações Exteriores russo Sergei Lavrov (esq.) aperta a mão do Ministro das Relações Exteriores da Argélia, Ramtane Lamamra, durante sua reunião em Argel, em 10 de maio de 2022.
O Ministro das Relações Exteriores russo Sergei Lavrov (esq.) aperta a mão do Ministro das Relações Exteriores da Argélia, Ramtane Lamamra, durante sua reunião em Argel, em 10 de maio de 2022. AFP - HANDOUT
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Paloma Varón, da RFI

"O Brasil tem hoje uma relação muito tênue com a Argélia em termos comerciais e de investimentos. A entrada da Argélia nos Brics tenderia a aproximá-los e talvez promover atividades de cooperação entre os dois países em diversas áreas, como no caso da agricultura e na produção de outras commodities. A participação da Argélia neste grupo certamente implicaria uma aproximação maior entre os dois países o que é uma coisa positiva", analisa Fernando Ribeiro, economista do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea).

Para o especialista em comércio exterior e economia internacional, o perfil diferente da Argélia seria um ganho para o grupo, que já é bastante heterogêneo:

"O grande papel que o Brics tem exercido até o momento tem a ver com dar um pouco mais de peso a cada um desses países em termos de discussões em nível multilateral e também atividades de cooperação entre eles. Cooperação tecnológica, na área agrícola, que o Brasil tem muito a oferecer, mas também muito a aprender. Outra característica destes países é que são grandes produtores de commodities, o Brasil e a Rússia, com certeza, mas também a África do Sul e a própria China", explica o especialista.

Fernando Ribeiro, economista do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), analisa uma eventual entrada da Argélia nos Brics.
Fernando Ribeiro, economista do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), analisa uma eventual entrada da Argélia nos Brics. © Helio Montferre | Ipea

Cooperação econômica sai reforçada

As recentes declarações do presidente argelino, Abdelmadjid Tebboune, sugerem a aproximação da Argélia com Moscou e Pequim na sequência do apelo à cooperação lançado pelo presidente russo, Vladimir Putin, durante a última cúpula dos Brics, em junho deste ano.

De acordo com Ribeiro, a entrada da Argélia poderia trazer para os Brics o benefício de um país com perfil diferente, mas que ao mesmo tempo poderia trazer novos elementos para esta cooperação. E, para a Argélia, o de aumentar o peso do país na arena internacional.

O economista especializado em Argélia Alexandre Kateb concorda que o país ganharia maior relevância global ao se aliar ao grupo dos Brics.

"Isso permitiria à Argélia reforçar o seu papel diplomático e aumentar suas oportunidades econômicas nas instituições que começam a ser criadas pelos Brics, principalmente para facilitar as trocas comerciais, as transações financeiras entre os países do grupo e o estabelecimento de um sistema alternativo ao dólar no plano internacional", analisa Kateb.  

Argélia cumpre com os requisitos, mas pode ter de esperar

Que a Argélia é um forte candidato a fazer parte do Brics, isso é consenso entre os especialistas. A questão que se coloca agora é quando, visto que o R da sigla, a Rússia, está em guerra. 

"O momento atual é complicado. Eu acho que a adesão de um país ao Brics no momento não deve acontecer por causa dessa incerteza gerada pela guerra, mas é algo que pode acontecer depois que a guerra terminar. Muito do que vai acontecer com o grupo vai depender de qual vai ser a conformação de forças no mundo após o final do conflito, quer dizer, como é que esta guerra vai terminar, qual vai ser o acordo que vai ser feito. Na verdade, isso vai depender muito de como vai ficar a situação da Rússia após o final desta guerra, como ela vai se encaixar novamente na ordem mundial", completa Ribeiro. 

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