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Onda de calor provoca tensão na produção de energia e morte de gado no hemisfério Norte

As temperaturas extremamente elevadas que atingem atualmente o hemisfério Norte, além de afetar a população causando até mesmo mortes, também trazem consequências para a economia em diversos setores. Os efeitos nocivos são quase instantâneos e já mostram os primeiros efeitos na geração de energia elétrica, nas produções agrícolas e nas exportações de carnes.

Criança derrama água sobre a cabeça durante onda de calor em Massachusetts, EUA, em 12 de julho de 2023.
Criança derrama água sobre a cabeça durante onda de calor em Massachusetts, EUA, em 12 de julho de 2023. © AP - Peter Pereira
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Com informações de Dominique Baillard, da RFI

Os primeiros a sofrerem são os trabalhadores da construção civil, transporte de mercadorias, restauração ou agricultura. Essas são atividades que deveriam diminuir o ritmo em alguns países quando a segurança dos funcionários é comprometida. Mas não é o que acontece, como resultado surgem casos de acidentes e mortes no trabalho causados ​​pelo calor excessivo.

No Canadá, onde o segundo bombeiro morreu no domingo (16) combatendo as chamas florestais que atingem mais de 900 focos ativos, até as serrarias fecharam temporariamente devido à proximidade de incêndios gigantescos, favorecidos pelas ondas de calor.

Um helicóptero pousa numa área de preparação perto de um incêndio florestal em Ontário, Canadá, em junho de 2023.
Um helicóptero pousa numa área de preparação perto de um incêndio florestal em Ontário, Canadá, em junho de 2023. © Blair Gable/Reuters

O calor também tem um impacto letal imediato no gado. Na China, as ondas de temperaturas extremas têm causado a morte de criações de suínos, de peixes e de coelhos. O Brasil pode sentir algum impacto na sua demanda de exportações de suínos, pois segundo a Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA), a China é a maior importadora de carne suína brasileira, com total de 143,2 mil toneladas registradas entre janeiro e abril deste ano.

Geração de eletricidade posta à prova

Um recorde de calor foi batido domingo (16) na China com uma temperatura de 52,2° C, registrada na zona árida de Xinjiang, noroeste do país, segundo a imprensa oficial chinesa. O recorde anterior de temperatura na mesma região era de 50,3° C.

Também na China, uma das maiores produtoras de eletricidade registrou produção recorde na última segunda-feira (10). O país já experimentou o maior número de dias de calor extremo nos últimos seis meses, mais de quatro dias, que significa o dobro da média do ano atual. E as previsões mostram que os termômetros não devem dar trégua nas próximas semanas.

Nos Estados Unidos, a rede elétrica nacional alerta para possíveis apagões, pois a produção pode ser impedida quando o calor se torna insustentável para as usinas. Com o ar condicionado impulsionando a demanda de energia, as contas de eletricidade doméstica dos norte-americanos devem aumentar 11% em relação ao verão passado. 

Aumento dos preços das commodities agrícolas

Alguns países temem um aumento da inflação de alimentos devido às lavouras atrofiadas pelo excesso de calor e pela falta de água. Na Espanha e na Tailândia, a semeadura foi cancelada para limitar o impacto nos recursos hídricos. A produção de açúcar e arroz que a Tailândia exporta também deve sofrer impactos. 

Na América do Norte, espera-se um aumento do preço da madeira, o que terá um impacto inflacionário na construção. Além disso, a colheita de milho está ameaçada no estado do Texas. Há previsões também que apontam redução na produção chinesa de algodão devido às altas temperaturas.

Os danos do aquecimento global amplamente documentados

Esta não é a primeira onda de calor excepcional enfrentada pelo hemisfério. O verão passado já foi quente para boa parte do planeta e os economistas passaram a avaliar o impacto desses fenômenos climáticos de grande escala.

Um estudo norte-americano realizado há cinco anos conclui que um grau Fahrenheit adicionado às temperaturas médias do verão, ou cerca de dois graus Celsius, pode reduzir até um quarto de ponto no crescimento do país.

Outro estudo publicado em 2022 pela Universidade de Dartmouth descobriu que, ao longo do tempo, episódios de calor intenso coincidem com declínios no PIB per capita. Entre 1992 e 2013, os países do sul perderam em média 6,7% do PIB per capita devido a dias de temperaturas excessivas e 1,5% para os países do norte. Essas perdas se agravarão nos próximos anos, a menos que os esforços para reduzir as emissões de carbono sejam acelerados.

(Com AFP)

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