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Início de despejo de água contaminada de Fukushima no Pacífico se aproxima e preocupa Coreia do Sul

O Japão começará a despejar em junho a água contaminada dos reatores da central nuclear de Fukushima no oceano Pacífico. A situação preocupa a vizinha Coreia do Sul, onde manifestações denunciam o projeto que pode atrapalhar a reaproximação entre os dois países.

A central nuclear de Fukushima, no Japão, em foto de julho de 2022.
A central nuclear de Fukushima, no Japão, em foto de julho de 2022. AP - Shohei Miyano
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Com informações de Nicolas Rocca, correspondente da RFI em Seul

Depois do tsunami seguido do acidente nuclear de 2011, milhares de litros de água foram utilizados para esfriar os reatores de Fukushima. Nos últimos 12 anos, o rejeito foi misturado a águas da chuva e lençóis freáticos e armazenado em grandes cisternas. No entanto, o Japão não tem mais espaço para estocar esse material contaminado.

O país garante ter tratado os cerca de 1,32 milhões de toneladas de água, retirando dela uma grande parte das substâncias radioativas. O processo foi acompanhado de perto pela Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), que recentemente deu seu sinal verde para que o rejeito possa ser despejado, a partir de junho, no oceano Pacífico.

A população sul-coreana se preocupa, no entanto, com essa autorização, argumentando que as tecnologias atuais permitem retirar apenas uma parte das substâncias radioativas. Algumas delas, como o trítio, não podem ser tratadas, o que preocupa particularmente os pescadores. No entanto, a AIEA garante que o projeto está dentro das normas internacionais.

Divergências não resolvidas entre o Japão e a Coreia do Sul

Se outros países asiáticos, como a China e Taiwan, expressaram seu desacordo com a decisão do Japão de despejar a água contaminada no Pacífico, a Coreia do Sul foi particularmente veemente. A desconfiança se explica pelas divergências não resolvidas entre os dois países em torno das violências do Estado japonês durante a colonização da península, entre 1905 e 1945. Durante o governo sul-coreano precedente, as relações entre os países vizinhos se degradaram a ponto de resultar em uma verdadeira guerra comercial.

Nos Jogos Olímpicos de 2021 em Tóquio, a delegação sul-coreana levou sua própria comida por medo que os atletas consumissem alimentos radioativos. Além disso, importações de peixe de oito cidades japonesas continuam proibidas na Coreia do Sul.

O atual presidente sul-coreano, Yoon Suk-yeol, se esforçou nos últimos meses para tentar retomar os laços com o Japão, fazendo várias concessões sobre questões históricas. Em retorno, o primeiro-ministro japonês Fumio Kishida convidou especialistas sul-coreanos a observar o processo de tratamento das águas contaminadas de Fukushima. No entanto, a iniciativa não foi suficiente para convencer a opinião pública da Coreia do Sul até o momento.

Legitimação de projeto japonês

O medo de parte da população sul-coreana é que a visita da delegação do país a Fukushima sirva apenas para legitimar o projeto japonês. Os detalhes da missão realizada por 21 especialistas permaneceram vagos durante muito tempo e resultaram em longas negociações entre Seul e Tóquio. Após encontros com autoridades japonesas na segunda-feira (22), a central é inspecionada nesta terça (23) e quarta (24), antes que a equipe volte para Seul na sexta-feira (26).

As conclusões serão acompanhadas com forte interesse pela população sul-coreana, onde o sentimento antijaponeses e nacionalista continua intenso, especialmente entre os opositores de Yoon Suk-yeol. A questão é sensível para o presidente, impopular após um ano de mandato e com uma legitimidade política ligada à sua aproximação de Washington e Tóquio.

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