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Suprema Corte anula prisão de ex-premiê do Paquistão, após protestos em massa no país

A prisão do ex-primeiro-ministro do Paquistão Imran Khan, acusado de corrupção, foi anulada pela Suprema Corte paquistanesa nesta quinta-feira (11). As manifestações de apoio ao ex-premiê, organizadas em todo o país, levaram o Exército a mobilizar soldados na capital, Islamabad.

Apoiadores do ex-primeiro-ministro do Paquistão Imran Khan celebram a invalidação de sua prisão pela Suprema Corte, em Peshawar, em de 11 maio de 2023.
Apoiadores do ex-primeiro-ministro do Paquistão Imran Khan celebram a invalidação de sua prisão pela Suprema Corte, em Peshawar, em de 11 maio de 2023. AFP - ABDUL MAJEED
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Detido na terça-feira (9) e colocado em prisão preventiva por oito dias na quarta-feira (10), Khan compareceu perante a Suprema Corte nesta quinta, em audiência para julgar um recurso apresentado por seus advogados. A corte considerou a prisão “inválida”.

“Sua prisão é inválida e todo o processo deve ser revisto”, disse Umar Ata Bandial, presidente da Suprema Corte.

No entanto, Imran Khan continuará detido pela Suprema Corte. Ele passará a noite no local e terá de comparecer nesta sexta no Tribunal Superior de Islamabad para esclarecer sua atuação no caso de corrupção que resultou no mandado de prisão contra ele, explica a correspondente da RFI na capital paquistanesa, Sonia Ghezali.

Ativistas do Movimento Paquistanês pela Justiça (PTI) comemoraram o anúncio em frente ao prédio do tribunal, no centro de Islamabad. A área é patrulhada por paramilitares e o acesso ao local é praticamente impossível, com várias ruas do bairro bloqueadas para evitar aglomerações e protestos. O partido de Khan, PTI, pediu à militância que cesse as manifestações. 

Mais de 100 ações judiciais foram abertas contra Khan desde que ele foi deposto do poder por uma moção de desconfiança no Parlamento, há mais de um ano.

Paquistão mergulhado no caos

A prisão preventiva de Khan mergulhou o país no caos. Em protesto, os apoiadores do ex-premiê, reunidos aos milhares, chegaram a atacar símbolos do poder militar, fato raro no Paquistão. Delegacias, veículos do exército e a residência do comandante militar de Lahore foram incendiados.

O ex-campeão de críquete, que entrou na política em 1996, tornou-se primeiro-ministro em 2018 com o apoio dos militares. A situação política de Khan se fragilizou devido à deterioração da situação econômica no país, em meio à pandemia de Covid-19. Ele teve de deixar o poder após a votação de uma moção de censura em abril de 2022, organizada por uma coalizão heterogênea, formada por clérigos e representantes das dinastias Bhutto e Sharif.

Entretanto, a saída  forçada do premiê do poder aumentou a popularidade de Khan e seus simpatizantes pedem a realização de eleições antecipadas. O governo recusa a ideia, convencido de que seria derrotado nas urnas.

“Os militares não querem mais governar, mas ainda querem administrar o país por meio de civis. E esses civis, que eles apoiam eleição após eleição, acabaram se emancipando da tutela dos militares. Só que Imran Khan é muito popular, tem apoiadores em todo o país, em todas as categorias da sociedade", explica Christophe Jaffrelot, pesquisador do CERI (Centro Internacional de Pesquisas) da Sciences Po de Paris. "Ele resiste, e será muito mais difícil de reprimir o que se parece cada vez mais com um levante popular, do que o que o exército havia antecipado.”

Questões internacionais e nucleares

Outro fato novo é a popularidade de Imran Khan entre os militares. “Por isso, estamos numa configuração realmente muito atípica, com um exército na defensiva, associado a alguns civis dos partidos tradicionais, e o partido de um só homem, Imran Khan, apoiado por grande parte da população”, completa Jaffrélot.

Os militares também querem manter o controle de questões importantes como as relações com a Índia ou a China e as armas nucleares. O controle militar limita muito o espaço de manobra dos civis, que se adaptam cada vez menos a essa situação, principalmente porque o país está mergulhado em uma grave crise econômica.

(Com informações da AFP)

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