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Le Monde revela roubos milionários de bancos por grupos armados de Gaza e confisco de Israel

Reportagem do Le Monde publicada neste sábado (4) revela que membros de grupos armados palestinos, incluindo o Hamas, roubaram no mês passado um total de € 66 milhões dos cofres de várias agências bancárias na Faixa de Gaza. O diário francês teve acesso a um documento enviado pelo Banco da Palestina, instituição financeira privada, “a certos parceiros internacionais” que descreve assaltos espetaculares, incluindo o que ocorreu na principal agência da instituição na Cidade de Gaza.

A Cidade de Gaza, na região norte do território palestino, foi reduzida a um campo de ruínas pelos bombardeios israelenses.
A Cidade de Gaza, na região norte do território palestino, foi reduzida a um campo de ruínas pelos bombardeios israelenses. REUTERS - Mahmoud Issa
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Segundo reportagem do Le Monde, na manhã de 16 de abril, funcionários da agência do Banco da Palestina localizada no bairro Rimal notaram um buraco no teto da sala dos cofres. Um grupo armado não identificado tinha entrado algumas horas mais cedo no local e roubado o equivalente a € 2,8 milhões em shekels israelenses que estavam armazenados dentro de caixas de metal utilizadas nos caixas eletrônicos ATM da instituição. Os ladrões também tentaram abrir os cofres, mas, sem conseguir, foram embora e desapareceram em meio às ruínas da cidade. Antes da ofensiva israelense contra o Hamas, o bairro Rimal era um dos mais nobres da Cidade de Gaza.

De acordo com o jornal francês, esse incidente gerou pânico na direção desse banco privado, fundado nos anos de 1960 e até hoje controlado pela família Shawa. Rapidamente, a direção informou o ocorrido à Autoridade Palestina, que governa a Cisjordânia, assim como a Autoridade da Moeda. No mesmo dia, o banco cimentou o buraco que os ladrões tinham aberto no teto da sala dos cofres, que ainda guardavam uma quantidade considerável de dinheiro. Entretanto, no dia seguinte, 17 de abril, "grupos armados" retornaram à agência com explosivos, destruíram o remendo de cimento que tinha sido colocado na véspera e abriram três cofres, de onde levaram € 28 milhões em divisas de vários países. 

Para evitar novas surpresas, no dia 18 de abril, funcionários do Banco da Palestina foram a uma segunda agência, localizada no centro da Cidade de Gaza, para retirar uma parte do dinheiro depositado no local. Mas ao entrar na agência, um grupo de homens os aguardava e se apresentou como representantes "das mais altas autoridades de Gaza", segundo o documento obtido pelo Le Monde. A fórmula designa o Hamas. Os funcionários do banco foram ameaçados de morte e não tiveram outra alternativa a não ser abrir os cofres. Apesar de ter havido disparos dentro da agência, ninguém foi ferido a bala, mas um bancário foi hospitalizado depois de sofrer um mal-estar cardíaco. O grupo armado saiu dessa agência levando mais € 33,6 milhões na moeda israelense. 

Somando esta série de roubos a outro incidente do mesmo tipo ocorrido em 7 de abril, em outra área da cidade, o Banco da Palestina foi roubado em mais de € 66 milhões. O Le Monde afirma ter tido a confirmação do caso antes de publicar a reportagem com outro banco presente na região. O Banco da Palestina não comenta o caso. 

Confisco israelense

Na mesma reportagem, o jornal francês diz que o Exército Israelense também "apreendeu" dezenas de milhões de dólares do Banco da Palestina. Segundo a mídia israelense, o confisco visou impedir que o Hamas se apoderasse do dinheiro e será devolvido à instituição. Procurados pela reportagem, nem o banco nem o Exército de Israel quiseram comentar o caso. 

A maioria dos bancos de Gaza tem sofrido invasões e roubos desde o início da guerra no enclave, em outubro passado. Um diplomata francês ouvido pelo jornal diz que o Banco da Palestina é sólido e tem recebido ajuda de vários países, assim como todo o sistema bancário palestino. Procurado, o Hamas também não quis comentar o caso.

Sacar dinheiro de agências e caixas eletrônicos em Gaza se tornou praticamente impossível. Além dos roubos, não há eletricidade para manter portas eletrônicas fechadas e alarmes em funcionamento. O Banco da Palestina mantém apenas duas agências abertas, em Rafah e Deir Al-Balah, no sul do território. 

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