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Hamas negocia trégua no conflito com Israel em nova rodada de conversas no Egito

Uma delegação do movimento islâmico palestino Hamas chegou ao Egito neste sábado (5) para discutir uma proposta de acordo de trégua na Faixa de Gaza com Israel, que ameaça lançar uma operação terrestre em Rafah, apesar da oposição da comunidade internacional. A nova rodada de conversas acontece em meio à mobilização de estudantes universitários que denunciam massacres contra a população de Gaza em várias cidades no mundo.

Campo de refugiados palestinos que abandonaram suas casas para fugir dos bombardeios israelenses e se instalaram em Rafah, último refúgio no território sitiado, na fronteira com o Egito.
Campo de refugiados palestinos que abandonaram suas casas para fugir dos bombardeios israelenses e se instalaram em Rafah, último refúgio no território sitiado, na fronteira com o Egito. © Mohammed Salem / Reuters
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O grupo palestino é liderado por Khalil al Hayya, o número dois no braço político do movimento islâmico em Gaza, segundo informação do Hamas. O chefe da CIA, William Burns, representa Washington e chegou ao Cairo na sexta-feira. Uma equipe técnica do Catar tinha chegada prevista na capital egípcia neste sábado. Um alto representante do governo israelense declarou que o país enviará uma delegação ao Cairo apenas no caso de "progressos positivos" sobre a troca de reféns por palestinos presos em Israel.

Depois de quase sete meses de guerra, os mediadores das negociações (Catar, Egito e Estados Unidos) aguardam a resposta do Hamas à última proposta de trégua apresentada no final de abril. Esta oferta inclui a interrupção dos combates durante 40 dias e a troca de reféns israelenses detidos na Faixa de Gaza desde 7 de outubro por palestinos presos em Israel. Ontem, o Hamas declarou que estava analisando “de maneira positiva” a oferta israelense

O secretário de Estado americano, Antony Blinken, que fez um longo giro na região nos últimos dias para pressionar pela trégua, considerou a última oferta de Israel "extraordinariamente generosa". "A única coisa que se interpõe entre o povo de Gaza e um cessar-fogo é o Hamas", disse Blinken na sexta-feira. 

Porém, paralelamente às negociações no Cairo, o Exército de Israel dá continuidade à ofensiva na Faixa de Gaza. A agência AFP relata intensos combates neste sábado entre tropas israelenses e combatentes palestinos na Cidade de Gaza, no norte do território. Fontes hospitalares também comunicaram bombardeios israelenses em Rafah e na cidade vizinha de Khan Yunis.

Pontos de divergência

O movimento islâmico palestino, que governa Gaza desde 2007, classificado como "terrorista" por Israel, Estados Unidos e União Europeia, está "determinado" a obter "uma cessação completa da agressão", "a retirada" das forças israelenses de Gaza e "um acordo sério para a troca" de reféns por prisioneiros. Durante a semana, autoridades em Israel evocaram um grupo de cerca de 30 reféns.

Israel rejeita a proposta de cessar-fogo definitivo exigido pelo Hamas e insiste em lançar uma ofensiva terrestre contra a cidade de Rafah, no extremo sul da Faixa, por considerá-la o último reduto do movimento islâmico. É nesta cidade que estaria escondido Yahya Sinwar, o chefe militar do Hamas em Gaza, e quatro batalhões de combatentes que deveriam ser enfraquecidos. "Faremos o que for preciso para vencer e derrotar o nosso inimigo, também em Rafah", reiterou esta semana o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu.

Hosam Badran, um alto funcionário político do Hamas, afirmou que estas declarações de Netanyahu buscam "frustrar os esforços" para um acordo de paz. Esta é a terceira rodada de discussões desde que as partes retornaram à mesa de negociações. 

Os Estados Unidos, principal aliado de Israel, têm reiterado sua oposição a uma ofensiva em Rafah, principalmente por Israel não ter apresentado uma estratégia para proteger os civis. Segundo o The Wall Street Journal, que cita fontes egípcias, Israel ainda dará um prazo de uma semana às negociações antes de lançar a ofensiva que vem preparando há semanas contra Rafah.

ONU faz novo alerta contra ofensiva em Rafah

A Organização Mundial da Saúde (OMS) alertou que esta ofensiva poderia levar a "um banho de sangue" e anunciou um plano de contingência para enfrentar o problema. Cerca de 1,5 milhão de palestinos, a maioria deles deslocados pelos combates, estão amontoados nesta cidade, que tem um posto de fronteira e terminal de carga na fronteira com o Egito. Uma operação em Rafah poderia comprometer a entrada de ajuda humanitária no território palestino, que continua insuficiente para as necessidades dos 2,4 milhões de habitantes de Gaza.

Uma ofensiva seria "um duro golpe para as operações humanitárias em toda a Faixa de Gaza", alertou o Escritório das Nações Unidas para a Coordenação de Assuntos Humanitários (OCHA).

Diante dessas dificuldades de acesso, nas últimas semanas alguns países, como Jordânia e França, entre outros, lançaram de paraquedas carregamentos de comida e remédios ao território palestino. Nesta semana, os Estados Unidos iniciaram a construção de um porto artificial ao longo da costa da Faixa de Gaza para transportar suprimentos por via marítima provenientes de Chipre.

A guerra eclodiu em 7 de outubro, após o ataque de comandos do Hamas que mataram 1.170 pessoas, a maioria civis, e sequestraram cerca de 250 no sul de Israel, segundo um relatório da AFP baseado em dados israelenses. As autoridades israelenses estimam que, após uma troca de reféns por prisioneiros palestinos em novembro, 129 pessoas permanecem cativas em Gaza e que 35 morreram desde então.

A ofensiva israelense em resposta ao ataque deixou até agora 34.654 mortos em Gaza, a maioria civis, segundo o Ministério da Saúde do governo do Hamas.

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