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Rússia usa acordo de grãos para pressionar novamente a comunidade internacional

A Rússia declarou nesta segunda-feira (13) que é a favor da renovação do acordo sobre as exportações de grãos ucranianos, que expira em 18 de março, por 60 dias, e não 120 como tem sido o caso até agora.

O acordo foi renovado em novembro por 120 dias e até agora exportou mais de 24 milhões de toneladas de grãos de portos ucranianos, de acordo com a ONU (foto ilustrativa).
O acordo foi renovado em novembro por 120 dias e até agora exportou mais de 24 milhões de toneladas de grãos de portos ucranianos, de acordo com a ONU (foto ilustrativa). Niu Shupei/VCG via Getty Images
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O anúncio foi feito pelo vice-ministro das Relações Exteriores da Rússia, Sergei Verchinin, após conversas que manteve em Genebra, na Suíça, com o responsável pelos Assuntos Humanitários da ONU, Martin Griffiths, e com a secretária-geral da Conferência das Nações Unidas sobre Comércio e Desenvolvimento (Unctad, na sigla em inglês), Rebeca Grynspan.

"O lado russo (...) não se opõe a uma nova extensão do acordo do Mar Negro após o término de seu segundo mandato em 18 de março, mas concorda em estender por apenas 60 dias", indicou Verchinin em uma declaração escrita enviada à mídia após a reunião.

"Nossa posição futura será determinada pelo progresso tangível na normalização de nossas exportações agrícolas, não em palavras, mas em ações. Isso inclui pagamentos bancários, logística de transporte, seguros, o 'descongelamento' das atividades financeiras e o fornecimento de amônia através do oleoduto Togliatti-Odessa", ele acrescentou.

O vice-ministro russo das Relações Exteriores enfatizou que a discussão "franca e completa" com altos funcionários da ONU "confirmou mais uma vez que, se as exportações comerciais de produtos ucranianos foram realizadas em um ritmo constante e trouxeram consideráveis benefícios a Kiev, as restrições impostas aos exportadores agrícolas russos ainda estão em vigor".

Aguardando "a posição oficial"

O ministro da Infraestrutura da Ucrânia reagiu, afirmando que a proposta da Rússia de estender o acordo de exportação de grãos por 60 dias contradiz o acordo original, mas não rejeitou formalmente a oferta de Moscou.

"O acordo do Mar Negro envolve pelo menos 120 dias de extensão. A posição da Rússia de prorrogá-lo por apenas 60 dias, portanto, contradiz o documento assinado pela Turquia e pela ONU", escreveu no Twitter Oleksandre Kubrakov, especificando que a Ucrânia estava aguardando "a posição oficial" das Nações Unidas e de Ancara, como "garantidores da iniciativa".

Na semana passada, o chefe da diplomacia russa, Sergei Lavrov, qualificou de "complicadas" as negociações para a extensão desse acordo, que permitiu a retomada das exportações de grãos ucranianos, apesar da invasão do país.

Este chamado acordo do Mar Negro, assinado em julho de 2022 por 120 dias entre a ONU, a Ucrânia, a Rússia e a Turquia, tornou possível amenizar a grave crise alimentar global causada pela invasão russa da Ucrânia em 24 de fevereiro de 2022. O acordo foi renovado em novembro por 120 dias e até agora exportou mais de 24 milhões de toneladas de grãos de portos ucranianos, de acordo com a ONU.

A China é o primeiro destinatário das exportações feitas no âmbito do acordo, a Espanha o segundo e a Turquia o terceiro.

Fertilizantes

Na semana passada, a Ucrânia pediu esforços internacionais para manter abertas as rotas de navegação do Mar Negro usadas para transportar seus grãos, e o secretário de Estado norte-americano, Antony Blinken, pediu no G20 no início de março que a Rússia renovasse o acordo.

Mas a Rússia, por sua vez, não está satisfeita com outro acordo bilateral firmado com a ONU, sobre as exportações russas de fertilizantes, também assinado em julho de 2022, mas com duração de três anos.

Moscou reclama que suas exportações de fertilizantes, um produto essencial para a agricultura global, estão de fato bloqueadas, apesar de não estarem sob as sanções impostas pelos países ocidentais desde o início da guerra.

"As isenções de sanções para alimentos e fertilizantes anunciadas por Washington, Bruxelas e Londres estão essencialmente inativas", afirmou Verchinin nesta segunda-feira.

(Com informações da AFP)

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