Milhares de israelenses voltam às ruas de Tel Aviv contra reforma do Judiciário
O movimento de protesto contra a reforma da Justiça continua em Israel, com uma nova manifestação na noite deste sábado (25) em Tel Aviv. Milhares de israelenses ocuparam as ruas para defender a "democracia", após a adoção pelo Parlamento em primeira leitura de duas disposições-chave da reforma.
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Esta foi a oitava semana consecutiva em que os israelenses se manifestaram contra a polêmica reforma desejada pelo primeiro-ministro Benjamin Netanyahu.
A primeira disposição aprovada altera o processo de nomeação de juízes, e a segunda visa impedir que o Supremo Tribunal invalide qualquer nova lei fundamental aprovada pelo Parlamento. A introdução de uma cláusula de "anulação" que permite ao Parlamento vetar certas decisões da Suprema Corte por maioria simples é outra disposição contestada do projeto.
Aerial view of huge protest in Tel Aviv against right wing govt's efforts to compromise the independence of #Israel's high court - latest of a series of protests gripping the nation in the past two months pic.twitter.com/wkaQzHjrED
— Allyn Fisher-Ilan (@AFilan) February 25, 2023
"Democracia! Democracia!" ou "Não vamos desistir!", gritavam os manifestantes no centro de Tel Aviv, em meio a um mar de bandeiras israelenses.
“Alguém tem que parar o governo, eles vão controlar nossas vidas. Nós estamos assustados com a ideia de nos tornarmos um país fascista”, revelou uma aposentada de 68 anos, que trazia um adesivo sobre seu casaco afirmando “Comprometida com a Constituição”.
Extrema direita e ultraortodoxos
O projeto de reforma foi anunciado no início de janeiro pelo governo, formado em dezembro por Netanyahu com partidos de extrema direita e formações judaicas ultraortodoxas.
Na opinião dos opositores, o texto, ao visar reduzir a influência do judiciário em favor do poder político, ameaça o caráter democrático do Estado de Israel.
Mas Benjamin Netanyahu e seu ministro da Justiça, Yariv Levin, consideram necessário restabelecer um equilíbrio de poder entre os eleitos e a Suprema Corte, que o primeiro-ministro e seus aliados consideram politizada.
O alto comissário da ONU para os Direitos Humanos, Volker Türk, apelou esta terça-feira (21) a Israel para suspender sua reforma, preocupado com suas consequências em termos de direitos humanos e independência da Justiça.
Enormous sea of blue and white flags at the weekly Tel Aviv protest earlier against the judicial overhaul pic.twitter.com/PT7Adqck8H
— Oren Kessler (@OrenKessler) February 25, 2023
Interesses pessoais
As manifestações, que em geral denunciam a política do governo, não parecem no momento influenciar a determinação de Netanyahu e sua maioria.
A oposição, incluindo seu líder centrista Yair Lapid, acusou repetidamente o premiê de querer servir a seus interesses pessoais com esta reforma.
Sendo o próprio Benjamin Netanyahu julgado por corrupção em diversos casos, seus críticos acreditam que, se a reforma for aprovada, ele poderá usá-la para quebrar uma possível sentença que viesse a condená-lo.
(Com informações da AFP)
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