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Brasileiros conquistam vitória inédita no Aberto da Austrália e pai de Djokovic se envolve em polêmica

O Aberto de Tênis da Austrália foi marcado nesta sexta-feira (27) - madrugada de quinta-feira (26) no Brasil - pela conquista inédita de uma dupla brasileira em um Grand Slam, com a vitória de Luisa Stefani e Rafael Matos, mas também por mais um desdobramento da polêmica envolvendo Srdjan Djokovic, pai do jogador Novak, que não estará presente na semifinal disputada por seu filho.

Pela primeira vez na história, uma dupla de tenistas 100% brasileira é campeã em um torneio do Grand Slam. Luisa Stefani e Rafael Matos conquistaram o título em Melbourne, na noite desta quinta-feira (26), depois de vencer a experiente dupla indiana Sania Mirza e Rohan Boppana.
Pela primeira vez na história, uma dupla de tenistas 100% brasileira é campeã em um torneio do Grand Slam. Luisa Stefani e Rafael Matos conquistaram o título em Melbourne, na noite desta quinta-feira (26), depois de vencer a experiente dupla indiana Sania Mirza e Rohan Boppana. REUTERS - JAIMI JOY
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A dupla brasileira formada por Luisa Stefani e Rafael Matos conquistou o lugar mais alto do pódio na categoria de duplas mistas ao vencer os indianos Sania Mirza e Rohan Bopanna. Os brasileiros tiveram que se esforçar para vencer o primeiro set no tie-break, mas depois desse obstáculo avançaram com mais facilidade para fechar com parciais de 7-6 e 6-2 em uma hora e 27 minutos.

De acordo com informações dos organizadores do torneio, Stefani e Matos são a primeira dupla exclusivamente brasileira a conquistar um título de Grand Slam de duplas mistas.

A partida também marcou a última participação em um Grand Slam de Mirza, de 36 anos, lenda em seu país como a primeira indiana a conquistar um título WTA, a chegar à quarta fase do US Open e a figurar entre as 30 melhores do mundo.

“Optei por assistir ao jogo de casa”

Outro episódio também atraiu a atenção no Aberto da Austrália nesta sexta-feira. Srdjan Djokovic, pai do tenista sérvio Novak e que se encontra no centro de uma polêmica ligada a torcedores pró-Rússia, anunciou que desistiu de assistir à semifinal de seu filho em Melbourne, para não aumentar as tensões.

“Estou aqui apenas para apoiar meu filho”, escreveu em um comunicado de imprensa em resposta à polêmica das últimas 24 horas. “Não tive intenção de fazer manchetes ou causar transtornos (...). Para que não haja transtorno na semifinal, para meu filho ou seu adversário, optei por assistir ao jogo de casa”, decidiu finalmente o pai da estrela sérvia.

Mais cedo, o embaixador ucraniano na Austrália, Vasyl Myroshnychenko, convocou Novak Djokovic, que enfrenta o americano Tommy Paul nas semifinais do torneio nesta sexta-feira, para se desculpar pessoalmente e esclarecer sua posição sobre a invasão russa na Ucrânia. "É importante que Novak resolva esta situação", enfatizou. "Ele deveria se desculpar pelo que aconteceu e condenar a invasão russa da Ucrânia."

Um vídeo postado em uma conta australiana pró-Rússia no YouTube nesta quinta-feira (26) mostra Srdjan Djokovic posando do lado de fora do estádio com um homem segurando uma bandeira russa com o rosto do presidente Vladimir Putin. O vídeo foi legendado: “O pai de Novak Djokovic faz uma declaração política ousada”.

Símbolo "Z"

Jornalistas esportivos sérvios confirmaram que se tratava realmente do pai de Djokovic. Outro homem foi fotografado pela AFP dentro do estádio durante um jogo com Djokovic vestindo uma camiseta com o símbolo pró-guerra russo "Z".

De acordo com o embaixador ucraniano, esta nova polêmica não desportiva poderá ofuscar o desempenho de Djokovic no Aberto da Austrália, um ano depois de o jogador ter sido expulso do país por ter entrado no território australiano sem estar vacinado contra a Covid-19. "No último Open, só falávamos do Djokovic", disse o diplomata ucraniano. "Agora só falamos sobre bandeiras russas e Djokovic de novo".

O ex-jogador ucraniano Alex Dolgopolov, que atualmente luta com o exército de seu país, chamou o comportamento do pai de Djokovic de "absolutamente nojento" em sua conta no Twitter.

Já a ucraniana Marta Kostyuk, derrotada nas semifinais do Aberto da Austrália, chamou o comportamento de Srdjan Djokovic de "muito chocante". "Não sei, não entendo, dói muito e não entendo como isso pode ser possível."

“Politização inaceitável”

Na semana passada, o embaixador Myroshnychenko ajudou a persuadir os organizadores do Aberto da Austrália a banir as bandeiras da Rússia e de Belarus das arquibancadas em Melbourne. A Embaixada da Rússia na Austrália chamou a proibição de "um novo exemplo de politização inaceitável do esporte".

Simeon Boïkov, um ativista australiano pró-Putin por trás do vídeo do Youtube, pediu aos torcedores russos que fossem ao Melbourne Park, perto do estádio onde o torneio está acontecendo, antes das quartas de final de Djokovic contra Andrey Rublev na quarta-feira (25). "Este é um ataque à honra e à dignidade. Não tem nada a ver com a guerra", disse em uma mensagem de vídeo, aparentemente ser eferindo à proibição de bandeiras russas.

O líder da oposição da Austrália, Peter Dutton, classificou o comportamento do pai de Djokovic como "bizarro". "O ataque russo continua e, francamente, qualquer pessoa de boa vontade deve tentar deter, não encorajar, o presidente Putin", disse ele à Nine Network, da Austrália.

A Tennis Australia, organizadora do Aberto da Austrália, informou na quinta-feira que continuará trabalhando com os serviços de segurança para fazer cumprir as regras, sem mencionar diretamente o incidente com Srdjan Djokovic: "Os jogadores e suas equipes foram informados e lembrados da política do evento em relação a bandeiras e símbolos, e devem evitar qualquer situação que possa atrapalhar o torneio".

Decisão “louca”

Desde a invasão da Ucrânia pela Rússia em 24 de fevereiro de 2022, os jogadores russos e bielorrussos costumam participar de competições como independentes e sob bandeiras brancas neutras. É o caso do Aberto da Austrália.

No ano passado, porém, eles foram excluídos de Wimbledon pelos organizadores. Novak Djokovic, que nunca falou publicamente sobre a invasão russa à Ucrânia, deplorou uma decisão "louca". "Os atletas estão lá para praticar esportes. Se eles são afastados do esporte só porque vêm de um determinado país, é uma má decisão", ele declarou.

(Com informações da AFP)

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